Apologia a loucura

Após uma releitura de O pequeno principe, joguei fora o lorazepam, rasguei todas as receitas e todos os livros na estante. Decidi que agora vou gritar para todo mundo ouvir, vou dizer que só eu estou certo, apenas eu sei as respostas, que sou capaz de fazer tudo o que quero e que só acredito em mim mesmo, nehum céu sobre minha cabeça e nenhum inferno sob meus pês. Não temerei bruxas nem calabouços, tempestades ou trovões.

Acredito que sou livre para fazer o que quiser, quando e como eu quiser, e que o sim e o não nos conduzem ao mesmo caminho.

E se todo homem é de fato uma estrela, eu vou brilhar, pois sou parte do universo, poeira cosmica e matéria do big ban.

Rivelino e Mulungu são partes do todo em mim, vontades que convergem na mesma parabólica.

Já fiz a minha escolha, escolhir a minha loucura; vou assumi-la por inteira e quem sabe, encontre nela um caminho.

Quero a loucura, toda ela e tudo que pareça anormal aos teus olhos, me recuso a aceitar a tua normalidade. Sim, quero a loucura para ser feliz. A loucura dar alegria e sentido a vida, sem ela tudo é monótono e vazio.

A razão é solitária, degenera, corrói a alma, torna tudo entediante, cria um monte de por quês e pra quês, quem fez isto e aquilo, quem fez o mundo, a roda e pra onde o vento vai.

Decreto, aqui e em mim, a morte da razão, declaro o fim de todo o raciocínio lógico, de toda explicação e de toda complicação.

Platão, Plutão, Deus e o diabo. Para o diabo com o diabo. Russel, Wittgenstein, razão, dialética, só complicam. Objetos simples jamais são simples.

E todo mundo tem sempre uma resposta, para o balão que voa, para o homem que pensa e pensa que o animal não pensa, e porque a morte mata.

Por isso,tenho sempre uma boa dose de loucura no bolso, pois a razão é suicida.

Sejamos loucos e felizes, sem perguntarmos o por quê disso ou daquilo. Vivamos livres e sem receitas, num universo averso, mas, feito de versos.