Impotente.

O título – impotente – está significando o adjetivo fraco, pelo simples fato de vivermos enclausurado na própria casa, cercado por alarmes e cercas eletrônicas. Mesmo assim, somos furtados, todos os dias de nossos bens e desejos. Bens é material, ao passo que desejos, são nossas vontades, condições de vida e a própria liberdade.

Ganhei de um amigo um canário pintassilgo de extrema beleza; bastava alguém fazer um barulho que ele combatia com seu canto encantador. Fica abaixo do telhado da garagem, encantando a todos que passavam perto da minha casa. Tanto ele como eu, achávamos protegidos quando, na fria manhã de domingo, ignorando a voltagem elevada da cerca eletrônica, foi furtado com o auxílio de uma vara comprida e a tristeza reinou no meu lar.

Já sei onde está e tendo reavê-lo por ser um ente querido e porque minhas manhãs não serão as mesmas. Vou reforçar a grade, colocando lanças pontiagudas na tentativa de afastar estes que adoram furtar nossos bens.

Mas o que tem a haver com vendas o furto de um canário?

Simples, pois onde está escrito que temos segurança junto às empresas que representamos, mesmo tendo uma grande estrutura montada, fazendo atualizações nas novas metodologias de venda, procurando cumprir as absurdas cotas, participando de todas as campanhas de venda, ajudando a criar novos sentidos, estratégias e táticas para aumentar a participação no mercado, bem como conquistando novos clientes?

Alguns vão dizer que sonho, que o que desejo é utopia, mas discordo, porque uma coisa é trabalhar sobre pressão, ao passo que trabalhar sobre coerção, com assédio e insegurança é o contrário de produção e desenvolvimento. Trabalhar com pressão é benéfico, porque o medo nos ajuda a criar oportunidades, não nos deixando acomodados. Já a coerção e o assédio criam uma barreira entre a empresa e nós, dificultando nossa atuação, porque somente mandam, quando deveriam dialogar e quem sabe, fazer rodadas de brainstorming, para descobrir novas idéias, novos rumos.

Felizmente foi um furto e não um roubo; não houve violência física, somente espiritual e o mesmo acontecem todos os dias com os vendedores. As primeiras ligações do dia vêm das empresas e de gerentes que jamais poderiam ser chamados de gerentes, os quais somente sabem cobrar resultados, quando deveriam analisar – em conjunto – o que acontece. Não sabem ler os indicadores econômicos e não conseguem entender que a sazonalidade impera, destruindo sonhos e crenças econômicas.

Se vendemos mais, nada acontece; se vendermos de menos é porque somos péssimos vendedores e cabeças rolam sobre um patíbulo armado as pressas, querendo dar nomes aos bois como diz o ditado, ao invés de combater a causa; é mais fácil combater a conseqüência, porque todos enxergam. Tratar a causa quando geralmente é interna (compras, expedição, cadastro, cobrança, pós-venda e treinamento), custa muito caro, exigindo mudanças que devem começar na estrutura organizacional da empresa e nos próprios administradores. Também têm vendedores ruins e estes podem ser desligados facilmente, mas se a estrutura fosse outra, será que haveria vendedores ruins nestas empresas?

Quando a empresa é forte e bem estruturada, com sistema de crescimento e de desenvolvimento de cargos e salários, com uma real remuneração que possa cobrir os gastos com as vendas e promoções, certamente que filas são formadas em frente aos seus portões; certamente que suas caixas postais são inundadas de brilhantes currículos; certamente que ninguém vai pisar na bola para ser excluído.

Empresas como estas são o sonho de muitos vendedores, porque transmitem segurança e segurança é sinônimo de condições de trabalho. Jamais pensar que com tantas qualidades e excelentes condições de trabalho vão criar acomodados. Bem pelo contrário. A oferta de mão de obra qualificada será grande que muitos – agora – vão trabalhar sobre pressão e esta será criada por eles mesmos. Ficarão livres da coerção e da insegurança porque saberão que por de trás das vendas tem o verdadeiro apoio que é necessário e que as pessoas, da limpeza a expedição são partes de uma corrente produtiva.

E quanto custa isto? Quase nada meus amigos. E como podemos alcançar e montar esta estrutura? Fale com sua equipe interna e a externa. Coloque na mesa todas as idéias (brainstorming) e teremos resultados surpreendentes que serão capazes de elevar a posição de muitas empresas a liderança verdadeira no mercado.

Oscar Schild, vendedor, gerente de vendas e escritor.

http://www.grandesvendedores.com.br.