"Eu, Detetive" = Revelando-me=

Nos últimos tempos muita gente tem saído do armário e confessado que é homossexual, mas essa não é a minha. Estou saindo do armário para contar a quem se interessar que sou um detetive. E dos bons. Depois de algum tempo deslindo todo e qualquer crime muito anunciado na tevê. Vejam se não tenho razão:

- Quanto à promotora acusada de torturar uma criancinha de apenas dois anos, cheguei à seguinte conclusão após ouvir sua defesa na tevê: a menina, extremamente maldosa e absurdamente talentosa, imitava a voz da promotora e gritava frases do tipo:”engole, sua vaquinha”, “coma tudo, cachorra”; “prefiro mil vezes meus bichos”, e outras de igual calibre. Não satisfeita, batia seu corpinho contra os móveis e socava os próprios olhos para criar hematomas e impressionar quem a visse. Tudo isso com o intuito de dentro de algum tempo arrancar muito dinheiro da pobre coitada que queria apenas ser sua mãe e educá-la a contento. Verdadeiro gênio do crime a menininha. Tão genial e minuciosa a garotinha que chegou até mesmo a subornar empregadas e ex-empregados da promotora para que testemunhassem contra a pobre coitada, a vítima da monstruosa calúnia. Tadinha da promotora...Tão boazinha quanto a dona Sílvia Calabresi, aquela que usava o alicate como instrumento pedagógico.

- A nova tese da defesa dos Nardoni, agora em livro, é a seguinte: um pedófilo entrou no apartamento, violentou Isabela, cortou a rede, jogou-a pela janela e o fez de tal maneira que o pai e a madrasta acabaram pagando o pato. Debrucei-me sobre o assunto, pensei longa e profundamente, meditei durante dias e noites, e acabei chegando à conclusão de que a defesa tem toda a razão. Meus estudos sobre o assunto foram tão profundos que até encontrei três suspeitos que talvez até se apresentem nas próximos horas. “Raciocinem comigo...”, como diz o tal Menezes na tevê: para praticar um abuso sexual em um apartamento em andar alto, matar a criança, cortar a rede de proteção, jogar o corpinho pela janela, o pedófilo teria que ser absurdamente rápido para fazer tudo isso nos poucos minutos em que a menina ficou sozinha no apartamento. Tão rápido que poderia até sair correndo do edifício sem ser percebido pelos olhos humanos. Partindo dessa premissa, tenho quase certeza de que foi um desses três o verdadeiro criminoso da triste história Isabela Nardoni: o Super Homem, The Flash ou o Homem Aranha. Esse último, especialista em redes e teias, é de quem mais suspeito.

Aconteceu algum crime misterioso em sua rua, em seu bairro, em sua cidade ou estado e não conseguem descobrir o culpado? Fale comigo.

Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 22/05/2010
Reeditado em 22/05/2010
Código do texto: T2272245
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.