DA INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL...

Se a inteligência é algo que nos possibilita compreender as coisas, além de lidar com saídas apropriadas dos problemas, então é ferramenta imprescindível. Inteligências racional, emocional e espiritual são como uma “totalidade” do indivíduo exigindo construções diárias, críticas e, verdadeiramente, libertadoras. Só a racional gera o imbecil cognitivo, só a emocional, o pusilânime atoleimado, só a espiritual, o fanático extasiante.

Em que pesem os riscos, a maior de todas é a Inteligência Espiritual. Na sua complexidade, construímos todo um sistema comportamental cujas redes forjam raciocínios para além do corriqueiro, do banal, do senso comum, não importa se científico ou não. De maneira inefável, a Inteligência Espiritual se manifesta igualmente a todos, posto visar ao Esclarecimento, sobretudo, do invisível-viável. Nela, a opacidade dos jogos humanos vem à luz e as lacunas mostram suas faces. Enfim, podemos atingir a essencialidade dos fenômenos.

Neste tipo de inteligência – Espiritual -, nosso primeiro passo é o da humildade. Afinal, não há outra porta de entrada senão pela conversa franca e aberta com Deus. Ou seja, precisamos da oração. Paulo diz aos colossenses “não cessamos de orar por vós, e de pedir que transbordeis...”. Na sequência, o grande apóstolo encadeia as três âncoras da Inteligência Espiritual: o conhecimento, a sabedoria e o entendimento. Naquele, o espírito se apropria do pensamento verdadeiro. Tanto a sintaxe como a semântica interpretam com Perfeição, nada é obscuro e tampouco atos confusos. Ora, o Conhecimento pelo exercício da Inteligência Espiritual penetra até mesmo o insondável. Nesta (Sabedoria), podemos dizer, reside o dínamo da alma. Sabedoria e sabor são irmãs gêmeas, daí salgar na justa medida. No fundo, “materializa” o conhecimento salutar, pois, nada mais é do que o grande princípio do equilíbrio, da razão e da emoção. Ninguém menos que Descartes afirmou: “Por sabedoria não se entende apenas a prudência nos negócios, mas um perfeito conhecimento de todas as coisas que o homem pode saber, tanto para a conduta de sua vida como para a conservação da saúde e a invenção de todas as artes”. Por sua vez, o entendimento exige reflexão profunda. Coerências claras são o “imperativo categórico” que garantem, sim, a “entendimentade”. Nele, estão sedimentadas, nos termos kanteanos”, o conjunto das operações discursivas: conceber, julgar, raciocinar.

A práxis desta Inteligência não redunda em outra coisa senão na frutificação das boas obras, nos levando a um viver de absoluta contestação das “trevas”. Trata-se de uma Ética fincada no “reino do Filho do seu amor”. De modo que a Inteligência Espiritual é o antídoto para um rodopiar doutrinário prenhe de ventos astuciosos, filosofices, cientificismos, éticas ocas. A Inteligência Espiritual é uma espécie de “nau dos loucos” a enfrentar “normalidades” na mais pura “desordem” luminosa. É higiene que limpa, de fato, a vida, que destrói sujeiras. Ela é o lugar certo para os “fora de lugar”, para o Bom Combate cujas armas principais são a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância e a mansidão (1 Tm. 6:11).