Hoje é o petróleo, amanhã será a água... (21/03/2003)

(destaque do texto)

O tigre espanta o gato, mas quem espantará o tigre depois? Se hoje o petróleo é motivo de guerra, certamente a água será, no futuro, seu grande substituto. As grandes potências econômicas transformam-se naturalmente em grande potências políticas e, conseqüentemente, em potenciais dominadores mundiais. Dependendo de quem esteja na frente do poder político, um simples pretexto pode detonar o estopim.

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Saddam Russein não é santo – muito pelo contrário – e suas atrocidades não deixam, portanto, margem para defendê-lo. George Walker Bush, entretanto, coloca o carro na frente dos bois ao ordenar um ataque sangrento ao povo iraquiano em nome da extirpação de um câncer instalado em seu meio.

Com essa atitude arrogante, desprezando o Conselho da ONU, posiciona-se como dono do mundo e abre um precedente perigoso. Não é, com certeza, uma atitude de bom-senso atropelar as negociações e avançar o sinal vermelho.

Bush incita os iraquianos para depor Saddam e intimida os americanos declarando que quem não estiver a seu favor é cúmplice do terrorismo. Enquanto as bombas caírem apenas na zona do conflito, ele continua tranqüilo seu jogo de videogame no conforto da Casa Branca. Mas o feitiço pode virar contra o feiticeiro, pois ele cutuca a onça com a vara curta ao incitar o terrorismo numa cultura propícia.

Se a América virar palco de sucessivos atentados à bomba, a exemplo do que já ocorria na Europa, a estrutura do seu governo será abalada e seu povo pode fazer com ele o que sugere ao outro.

Percebemos, também, que os EUA investem maciçamente na indústria da guerra. Para quê? Apenas para defender suas divisas? Tudo indica que não e ninguém investe sem possibilidade de retorno. De onde ele viria então, senão do espólio dos conquistados? Sabemos tratar-se, neste caso, de petróleo.

Podemos olhar para este quadro e dizer: “Não temos nada com isso!” e cruzar os braços... Ou agir, boicotando a indústria americana. De Mac’Donald a postos de gasolina (Atlantic, Esso, Texaco,etc); de Coca-Cola e seus derivados (Taí, Fanta, Sprit) a outros produtos e serviços (made in USA). Já circula pela Internet uma corrente com essa proposta. Parece pouco mas não é, e a história tem registros positivos nesse sentido: de Martin Luther King a Ghandi – pelos direitos dos negros e pela libertação da Índia.

"A Amazônia é nossa!" Mas não é isso que se ensina nas escolas americanas. Um dia esses jovens de hoje crescerão e poderão se julgar no direito de tomá-la à força. Para isso, pelo menos, estão sendo doutrinados. É assim que agem agora contra o Iraque – é o resultado de uma cultura implantada no passado. Seus olhos, portanto, já se voltam para nós. É questão de tempo e oportunidade... E de um político que franze a testa no poder.

O pretexto surgiu no atentado de 11 de setembro de 2001 e no suposto apoio de Saddam a Bin Laden. O resto foi fogo em rastilho de pólvora. A demonstração de força dos EUA tem, no Iraque, um referencial para o resto do mundo. Dando certo lá, dará em qualquer lugar e a qualquer tempo.

É, portanto, um plano piloto para mostrar do que é capaz e a que vem, ao se colocar como primeiro do mundo em capacidade bélica – que pode ser direcionada para a defesa ou conquista. E, sutilmente, para a intimidação. Que pretexto usarão contra nós? Só o futuro nos dirá!

Os dois conflitantes (Saddam/George) e o local do conflito (Iraque) têm seis letras cada um, 666 – o nº da Besta. Pode ser apenas coincidência, afinal guerra também tem seis letras. Mas não é a cabala que se discute aqui, apesar de sua importância, e sim, a tendência dos interesses econômicos que motivam essas iniciativas.

Assim, já não se sabe quem seria mais perigoso: Saddam ou George. Mas nenhum deles, com certeza, está com a razão! É assim que se começa uma guerra: com um querendo, irredutivelmente, brigar. Talvez um seja perigoso para o próprio povo e o outro para o mundo.

É preciso e urgente, então, começarmos nossa própria luta. Pacificamente, sem baderna, mas conscientes e determinados – através da educação, como eles fazem lá. Só assim poderemos, efetivamente, participar dessa guerra de forma produtiva a serviço da paz.

A globalização aproxima demais os povos, mas confunde a cultura específica de cada nação. Aumenta, com isso, na mesma proporção, a responsabilidade de todos e de cada um por tudo que acontece no mundo!

Saddam é, realmente, uma personalidade insana e precisa ser, por isso, definitivamente desarmado. Porém, é preciso refletir, agora, sobre quem irá, depois, desarmar os EUA... Bin Laden foi treinado pela CIA e deve saber melhor do que nós o que faz; embora, certamente, da maneira errada – através do terrorismo! Porém, talvez acredite ser a maneira certa justamente porque foi treinado lá... Será que aprendeu o pulo do gato?

Lourenço Oliveira
Enviado por Lourenço Oliveira em 02/09/2006
Reeditado em 02/09/2006
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