AS CHUTEIRAS SEM PÁTRIA

José Arnaldo Lisboa Martins

Na Copa do Mundo de 1958, na Suécia, eu já não andava de calças curtas e jogava futebol com meus conterrâneos de Mata Grande, em campo piçarrado. Com temperaturas de 12 ou 14 graus centígrados, às 5 da manhã, eu e os pelés, zicos e ronaldinhos, nos acordávamos para os treinamentos. Nosso time sempre ganhava de Santana do Ipanema e Água Branca e, fóra de Alagoas, de Inajá e Tacaratu, cidades pernambucanas. Devido ao amor à nossa terrinha, suávamos nossas camisas e as vitórias iam chegando. Nos domingos de jogos, após as partidas, à noite, os anfitriões sempre organizavam bailes com dezenas de garotas perfumadas e bem vestidas. Eram momentos de glória e os namoricos sempre aconteciam para completar a nossa felicidade. O amor à cidade que nos viu nascer, o exibicionismo de jovem e a perseguição à vitória, nos davam impulsos, hoje não possuídos pelos jogadores da Seleção Brasileira, em disputas na Copa da África do Sul. Nós fazíamos cotas para comprar uma “couraça”, como era chamada a bola, diferente do que acontece com os nossos craques que ganham milhões de clubes europeus, para morarem em castelos, com garagens abarrotadas de carrões sofisticados. O povo brasileiro está com o pensamento e as TVs ligadas com a África do Sul, enquanto eles, lá se exibem para serem vistos pelos dirigentes e técnicos dos clubes europeus, na esperança de contratos milionários. Patriotismo não existe para eles. Quando fazem um gol, vão logo pensando nos dólares que irão ganhar, sem pensar nos 180 milhões de fantasiados de Brasil, que desfilam pelas ruas, enchem os bares e se reúnem em casa com a família. Suas chuteiras sem pátria, chutam muito melhor, por quem mais lhes pagar.

O Sr. Ricardo Teixeira, Presidente Perpétuo da CBF, convidou o Dunga, pra ser o Técnico do Brasil, sem nunca ter trabalhado como tal e sim como um jogador mal humorado que gostava de dar pancadas nos adversários. Para tamanha responsabilidade, deveria ter sido escolhido um cidadão, em votação secreta, por uma comissão de 10 técnicos de grandes clubes brasileiros, depois de serem analisados os currículos dos candidatos. Por sua vez, a Seleção Brasileira, deveria ser convocada, após reuniões entre estes mesmos técnicos, para se chegar a um consenso. Certamente, Ronaldinho Gaúcho teria sido convocado !

Dunga não permite que a imprensa assista aos treinos da Seleção e no jogo contra a Coréia do Norte, nada apareceu do seu treino secreto, deixando os brasileiros decepcionados, mesmo com a vitória, contra os “pernas de pau” coreanos. Treinou chutes a gol, mas, os jogadores só chutavam por cima ou por longe das traves. Pois é, vamos neste domingo, certamente, ter novas decepções, jogando contra um time pior do que o da Mata Grande. O Brasil pode ganhar da Costa do Marfim e de Portugal e, depois, ser campeão, mas, não nos convencerá. Os aviões fretados, os hotéis de luxo e os milhões que cada jogador ganhará, nunca darão a eles o patriotismo sem dólares. Em outras Copas, já tivemos grandes decepções ! Os nossos jogadores só viam o verde da Bandeira Brasileira, como esperança de ganharem muito mais, depois da Copa. Os 180 milhões de brasileiros, que se lixem!. Se o Brasil não for campeão, vamos esperar a Copa de 2014, para novas decepções.

José Arnaldo Lisboa Martins
Enviado por José Arnaldo Lisboa Martins em 17/06/2010
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