PELO AMOR DE DEUS, PRESIDENTE LULA !.

José Arnaldo Lisboa Martins

Nas primeiras horas das catástrofes que se abateram sobre cidades de Alagoas e Pernambuco, eu ainda não estava me sensibilizando com as notícias, porque as rádios de Maceió, só se preocupavam em dizer que estavam dando “um furo de reportagem” ou fazendo transmissão “com exclusividade”. Naqueles momentos, pessoas já estavam sendo arrastadas pelas águas enfurecidas dos rios, enquanto seus parentes diziam ter perdido tudo, como geladeira, fogão, televisão, roupas e documentos. Pela chuva persistente que caia em Maceió, dava para imaginar o que podia estar acontecendo, principalmente, nas choupanas, nos casebres e nos barracos de lona da periferia. À medida que a chuva continuava insistente e enfurecida, eu notei que a natureza estava dando demonstração de que o homem não é tão poderoso como imagina ser. Seus limites estão bem perto dele e Deus sabe como e quando determiná-los.

No mesmo dia, horas depois, as televisões começaram a mostrar as cenas que eu nunca havia visto antes. Eu vi um rio caudaloso, enfurecido e com suas águas velozes, carregando tudo que encontrava pela frente. A cidade de Rio Largo, nas suas ruas estreitas, já não cabia tanta água do rio que lhe deu o nome. Nós já não víamos portas e janelas das casas e sim suas cumeeiras com pessoas que se equilibravam para não serem tragadas pelas águas barrentas que passavam desembestadas. As cidades de Palmares, São José da Laje, União dos Palmares, Murici, Branquinha, Quebrangulo e outras, mais pareciam as ruínas de Hiroxima e Nagasaki, destruídas pela bomba atômica, na Segunda Guerra Mundial. Eu vi pessoas que, mesmo chorando, olhavam para o Céu, como agradecendo a Deus, porque seus entes queridos não tinham sido tragados pela correnteza. Eu vi e ouvi pessoas dizendo ter “perdido tudo”, e achando que estava chegando o fim do mundo. Só ficaram com a roupa do corpo, daquelas que elas se envergonhavam em vestí-las, ao sair de casa.

No meio de tanto sofrimento, de tanta miséria, de tantas lágrimas e de tantos prejuízos, eu vi e ouvi o Presidente Lula, dizendo pra todo o Brasil ouvir, que ia liberar o FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, para que os flagelados pudessem reconstruir suas casas. Parecia que o Presidente estava brincando e me deu vontade de gritar para dizer a ele que, todo esse povo não tinha emprego e, por isso, não sabiam o que é FGTS, vivendo dos poucos reais do “bolsa família”. Se, por acaso, alguém tivesse o tal FGTS, certamente, seriam alguns poucos reais que, não dariam, nem para poucos sacos de cimento ou se alimentarem. Uma casinha de alvenaria, das mais simples, custa uns 35 a 40 mil reais e, nenhum flagelado tem tal quantia na Caixa Econômica. Com o dinheiro dos impostos arrecadados, os mais altos do mundo, o Presidente poderia mandar construir milhares de casas. Os 304 milhões desviados pela Assembléia Legislativa de Alagoas, dariam para serem construídas, 7.600 casas, para os desabrigados. O Presidente Lula só mandou para Alagoas, até aqui, 25 milhões de reais, quantia 12 vezes menor do que a que foi desviada pela Assembléia e para serem gastos com os 56.000 desabrigados.

José Arnaldo Lisboa Martins
Enviado por José Arnaldo Lisboa Martins em 23/06/2010
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