Procura-se um ET

Procuramos um ET

Sem dúvida alguma, o voto é a nossa SEGUNDA maior arma para montarmos um cenário de suportável convivência pacífica entre os habitantes de nossa sociedade. Através desta rara oportunidade (ela deveria ser mais freqüente ou ter um mecanismo de confirmação a cada N meses) deveríamos ter a honesta e transparente oportunidade de definir nossos procuradores para:

1 - Equacionar os problemas sociais de forma lógica junto às entidades representativas.

2 – Exibir tais fórmulas de forma transparente aos integrantes das comunidades.

3 - Cuidar para que as ações sejam executadas dentro do planejado.

4 - Não permitir que pequenos grupos deteriorem os projetos em proveito próprio.

No entanto, temos esta arma na mão, mas não sabemos onde está o alvo para tentar acerta-lo. Ou sabemos mas não o enxergamos. Todos os alvos oferecidos estão sujos, indefinidos, lascados, mal posicionados e encobertos por uma névoa de desconfiança. São sempre os mesmos candidatos por mais de 20/30 anos. Dificilmente mudarão as Leis para obrigar a uma oxigenação de patriotismo, para se manterem nos cargos "conquistados" com muito esforço (suborno). Vejamos os dois municípios mais badalados do país. Em São Paulo, a cada eleição para Governador ou Prefeito, os candidatos são os mesmos: Maluf, Marta, Erundina, Alkimin (será que o Pitta volta?). No Rio de Janeiro, encontramos: Maia, Conde, Bittar, Garotinho, Cabral (será que Marcelo Alencar volta?). Eventualmente surgem mais uns 3 ou 4 nomes "novos" que somando seus tempos de aparição na mídia, não ocupam a 10a. parte de qualquer um dois 4 iniciais. Mal conseguem dizer seu nome e seu número. Quanto mais explanar sua plataforma e seu currículo de realizações para tentarmos conferir. A massificação da propaganda (muitas vezes em função de acordos passados em andamento e com promessa de renovação) em cima dos eternos concorrentes (que se revezam durante 20 ou 30 anos até enquadrar seus herdeiros) anestesia as mentes dos menos afortunados e impede a oxigenação do ambiente. Então, como vamos renovar? Nos municípios que não são citados na grande imprensa, os anões do orçamento se elegem, assim como antigos dirigentes da CBF, integrantes de escândalos "pizzados" por CPIs inócuas e afilhados dos caciques que passam o tempo violando o painel do Senado. Ao olharmos para a esfera nacional, lembramos que os concorrentes são: Lula, FHC, Serra, Maluf (será que o Collor volta?). Na reserva (para qualquer esfera) estão os coringas: Moreira Franco, Aécio Neves, Tasso Jereissati, Ciro Gomes e outros de igual mau quilate. Se a sigla do partido estiver comprometida em função de alguma falcatrua que passou a boiar na lagoa de lama, o candidato muda de entidade sem nenhuma cerimônia, se "purifica" e passa a seguir a nova cartilha, na certeza que seus eleitores esquecerão todos os seus discursos anteriores. Se bem que todas as cartilhas acabam convergindo para um objetivo comum: iludir o povão para que a elite dominante e patrocinadora continue desfrutando das mordomias protegidas pelos legisladores corrompidos. Todos eles ensaiam a mesma cartilha com os mesmos discursos: vão criar milhares de empregos (contabilizar camelôs marginalizados e empregos apenas no Natal não vale), acabar com a escravidão de crianças (que trabalham nas fazendas de seus patrocinadores – é ruim, hein), construir escolas nas zonas carentes (serão aparelhadas?), estruturar a segurança pública (comprar umas 10 viaturas e desfilar com elas com as sirenes ligadas pela orla marítima sob aplausos do "Viva Rico") e novas unidades hospitalares (mesmo que os parentes dos doentes tenham de trazer gaze, éter, algodão e cotonetes de casa). E os iludidos pagadores de impostos chegam a acreditar. E perdem dois domingos (as urnas eletrônicas não fiscalizadas devem estar programadas para definir quais os participantes do segundo turno, bem como o vencedor deste) para votar nestas lesmas. É fácil domesticar uma população que ao invés de se preocupar com o futuro de seus herdeiros, entra em depressão devido à trama da novela que impede que a herdeira do falecido seja reconhecida como filha legítima ou pela exclusão de um “gênio” participante do Big Bobo Brasil.

Desta forma, fica difícil atender ao slogan dos mais otimistas de que "através do voto vamos conseguir mudar alguma coisa". Só depois da sangrenta convulsão social que deve explodir em menos de 30 anos e fingimos ignorar. Os veículos de propaganda enganosa estão nas mãos dos que concedem as concessões e dos donos das empresas que patrocinam os programas de baixo nível na tv e no rádio. Adequadas inserções em alguns capítulos de novela ou reportagens bem editadas, conduzem os hipnotizados telespectadores para uma "convicção" inabalável de que fulano (que já comandou alguma Prefeitura ou Estado por 2 ou mais vezes e está envolvido em diversos escândalos já arquivados) será a "salvação" dos que clamam por uma mudança na ordem de condução das gerências públicas. Jornalistas que se arriscam a dissecar a verdade são despedidos por correio eletrônico (aconteceu no JB). Por isto nos passa pela cabeça a indevida e desesperada intenção de anular o voto (jogar a arma fora – é a recomendação dada pelas autoridades policiais aos que não sabem ou não podem usa-la). Certamente o voto nulo permanente não é a solução para a criação e manutenção de um ambiente de diferenças suportáveis (tendo em vista que igualdade total jamais existirá). Se assim fosse, bastaria eliminar as eleições. Mas se pelo menos uma vez, o total de votos nulos fosse superior a 50%, tal número causaria um espanto de tal monta no mundo que poderia despertar a consciência coletiva no sentido de realçar seu desejo na mudança dos rumos que nos conduzem ao abismo da colonização eterna. Talvez a ONU e as ONGs especializadas em defender bandidos se manifestassem a favor do povo oprimido. Talvez os programas eletrônicos de contagem de votos estejam preparados para distribuir os votos nulos igualmente entre os candidatos participantes, desde que o preferido do quarto poder não esteja sendo ameaçado.

Enquanto isto, os que ainda possuem algumas gotas de otimismo no coração, devem continuar usando insistentemente a PRIMEIRA arma poderosa ainda disponível (mesmo disparada a esmo): a palavra. Se for verdade que as ondas se propagam pelo éter (essa é do tempo do "Balança mas não cai") e podem ser recuperadas, talvez em breve alguma nave de outro planeta ouça nossos anseios e aporte aqui com a santa missão de nos sacudir e nos despertar desta letargia suicida para a qual estamos sendo conduzidos como frágeis marionetes, tendo em vista que nem o futuro negro e frágil de nossos filhos e netos nos motivam a lutar por uma melhor qualidade mínima de vida. Pode ser até que nos emprestem um ET para catequizar os incrédulos (que só acreditam em fantasias) na direção da compreensão do engodo que os inescrupulosos montaram para usufruir um universo de vantagens à custa do suor alheio mal remunerado.

Haroldo
Enviado por Haroldo em 07/09/2006
Código do texto: T234800