A COPA QUE ENCOBRE A MORTE


“Os costumes, cuja excelência torna o governo quase inútil e cuja corrupção o torna quase impossível.”
                            Charles Tocqueville


Sou um ser político porque todo homem é um ser político como afirmava Aristóteles no ano de 550a.C. no entanto, procuro ficar equidistante da política que hoje graça em nosso País.


Para começar e sem que digam que existe bairrismo ou alguma coisa parecida, vou começar por Niterói minha cidade natal, onde resido e pertencente ao denominado Grande Rio. O Governador do Estado do Rio de Janeiro decretou no que foi seguido pelos Prefeitos que, nos dias de jogo do Brasil, quando o jogo fosse às 11 (onze) horas seria ponto facultativo e quando acontecesse as 15.30 (quinze horas e trinta minutos) fosse ponto facultativo a partir das 13.00 (treze horas).


No dia do jogo contra o Chile que era as 15,30, os médicos do Hospital Azevedo Lima (Hospital Estadual) resolveram adiar todas as cirurgias eletivas (marcadas). Para o dia 21 estava  marcada a cirurgia de fêmur da aposentada Jaldina da Conceição de 78 anos, sendo que esta senhora já aguardava há vinte dias pela cirurgia, dos quais 12 (doze) dias ela ficou no corredor do Hospital em uma maca. Sendo que há seis dias uma outra aposentada, Yeda Henririci, morreu depois de aguardar 25 (vinte e cinco) dias pela mesma cirurgia.

O hospital vem adiando cirurgias por falta de material, mas basta verificar nos sites que efetuam os Pregões Eletrônicos os diversos adiamentos do processo de compra sem nenhuma informação, mas sempre coincidindo com os dias de Jogo do Brasil.


A Sra. Aline Inácio Tavares, nora da Sra. Jaldina, afirma que a sogra sente muitas dores e está com feridas na pele (escaras), mas, mesmo assim, o Hospital continua adiando a cirurgia agora segundo informação de diversos funcionários, devido ao jogo.

Segundo a imprensa local, a Secretaria de Saúde e Defesa Civil não se pronunciaram a respeito.

Outro problema aconteceu no atual Hospital de Irajá, antigo PAM IRAJÁ, quatro médicos viam o jogo na sala dos médicos e a fila da urgência era enorme com muitas pessoas em estado crítico e só teve solução com a chegada da Policia Militar, que em conjunto com a Policia Civil levaram os médicos presos para a Delegacia.


Em Pernambuco e Alagoas, brotaram umas “tisunamis” de lama, que atingiram os mesmos pobre diabos retratados em vidas secas, aquelas pessoas sem rosto e sem destino que vagam nas cidades cultivadas pelo subfeudalismo praticados pelos barões nordestinos. Só resta servir como testemunha deste crime secular sem autores visíveis. O autor não é Deus e muito menos a Natureza. Os responsáveis são os homens com seus atos cheios de corrupção e maldade.


A realidade brasileira só aparece quando existe uma tragédia visível, pois ela está sempre escondida nos porões do PODER onde tudo ocorre, dinheiro na cueca, barragem superfaturada ou construída com material de procedência inferior. No silêncio da miséria seca, paira a mudez de um povo sofrido, faminto e ignorante, o que tranquiliza ladrões e demagogos.

No entanto a verdade brotou, com as águas das represas e açudes arrebentados, nossos olhos foram agredidos pelas imagens da TV.

A verdade aponta os responsáveis: 57% da verba para prevenção de catástrofes foi empregado na Bahia, enquanto 14% foi empregado em Alagoas e Pernambuco. Enquanto isto ocorria, víamos Maradona com seu impecável terno dando um verdadeiro espetáculo na margem do campo e Dunga com seu constante mau humor.


A mídia foi parcial, mostrou sempre a Copa em detrimento dos acontecimentos aqui neste país de ninguém onde o Poder emana do Povo, mas alguns utilizam em proveito próprio. Agora foi liberado dois bilhões de reais para recuperação das cidades atingidas. Todos vão fazer excelentes negócios.


Escutei na TV uma autoridade falar que: "Os impostos no Brasil têm de ser altos, sim, do contrário não teremos Estado”. Um Estado que gasta oito bilhões com propagandas e paga uma folha de pagamentos de fantasmas, pelegos e parentes.




Vamos terminar com uma frase clássica de Mário Quintana:


" É graças a Deus, que o Brasil tem saído de situações difíceis. Mas, graças ao diabo, é que se mete em outras". 
 


      NOTA :         O autor não é filiado a qualquer partido político, o artigo não tem conotação política apenas apresenta fatos comprovados o autor não emite opinião. 


                        
              


                                                                                                                                                                                                               












Ruy Silva Barbosa
Enviado por Ruy Silva Barbosa em 30/06/2010
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