Baucis e Filémon

Querendo experimentar a bondade dos homens, conta a mitologia, Júpiter e seu filho Mercúrio tomaram um dia a forma humana e desceram a uma terra da Grécia chamada Frigia.

Bateram aí de porta em porta, pedindo agasalho; mas ninguém lhes prestou atenção, nem socorreu. Tendo procurado em vão despertar a piedade dos habitantes do lugar, chegaram enfim a uma pobre cabana de um casal de velhinhos, que os acolheu com doçura e caridade. Chamava-se a mulher - Baucis, e o marido – Filémon. Alimentando e confortando os forasteiros, nem o marido nem a mulher podiam de leve suspeitar estarem na presença de deuses.

Depois de ter repousado com o filho Mercúrio, Júpiter, ao sair, transformou a pobre cabana em um templo suntuoso e disse aos velhinhos maravilhados que poderiam pedir-lhe o que quisessem, pois tudo lhes concederia. Marido e mulher, dando-se as mãos amorosamente, pediram então que lhes concedesse a graça de não morrer um antes do outro...

E o pedido foi concedido.

Viveram os dois velhos ainda muito tempo, sempre juntinhos, sempre amigos, até que um dia, estando ambos à porta do templo, e já cansados de viver, olhando um para o outro com ternura, viu Filémon que Baucis se transformava em uma tília, e viu Bácis que Filémon se transformava em um carvalho. Compreenderam então a verdade e disseram-se sorrindo o seu último adeus.

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Esta lenda encantadora é uma prova eloqüente do enorme apreço que a velha Grécia testemunhava já pela árvore, pois Júpiter, o senhor de tudo, o deus dos deuses, nada encontrou tão digno no Mundo para premiar a virtude desse casal, e perpetuá-la, do que metamorfoseá-lo em duas árvores, das quais uma, a tília, representa a Beleza, e outra, o carvalho, representa a Força.

(Esta lenda foi copiada do livro “A Árvore” de Júlia Lopes de Almeida e Afonso Lopes de Almeida que foi publicado em 1916 pela Livraria Francisco Alves.)

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 07/09/2006
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