O VOTO

Todo ano eleitoral é isso, candidato aparece faz promessa de mundos e fundos, diz que será diferente dos outros e que não vai desaparecer quando eleito. E seguem-se os comícios e passeatas, as ruas se entopem com carros fazendo propaganda eleitoral em altos brados; barulho que incomoda até surdo; e ainda temos que suportar o horário eleitoral gratuito nos sistemas de comunicação. Sem falar na poluição visual, onde for permitido afixar, grudar, colar e pregar qualquer tipo de propaganda lá está uma faixa, um cartaz ou uma foto de candidato fulano de tal e são muitos! Uma verdadeira legião parece um exército invasor e olha que a comparação não está muito longe da verdade já que uma hoste invasora é composta de estranhos; reparem como aparece tanta gente nesse período que nunca ouvimos falar.

O dia do voto vai chegando e a disputa se acirrando até chegar ao ponto da troca de insultos e das promessas descabidas ou estúpidas mesmo. Os insultos partem quase sempre da premissa de culpa de um dos candidatos sobre determinado caso ou casos e apresentam papéis e documentos que comprovam a falta do senhor fulano de tal ou sua omissão em determinado caso. Ora, o que acham que somos? Um bando de idiotas? Se alguém é culpado por algum crime e existem provas que comprovam a culpa por que aquela pessoa ainda transita livre entre nós? Se o candidato acusador sabia daquelas provas e somente as apresenta num debate então ele é mais culpado que o acusado já que guardou provas importantes para tirar proveito delas. Mas sabemos que não existem provas e tudo aquilo faz parte do jogo. E as promessas? Dia desses resolvi assistir o horário eleitoral; que prefiro chamar de horário mentiral, e ouvi de um candidato que se eleito iria reestatizar a prestadora de serviço elétrico do estado; o que é isso? E como ele pensa fazer? Ou ele julga que a empresa que comprou o serviço vai devolver sem exigir nada? Hipoteticamente falando o senhor candidato teria de comprar de volta e quem pagaria? O povo é claro. E esse é só um dos muitos juramentos que desfilam na nossa frente nesse período, parece até deboche.

Mas, falemos do voto. Esse ato de extrema importância para a democracia; por falar nela devo relembrar que democracia que dizer soberania popular, ou seja, somos nós que mandamos e não o contrário. Votar é importante e nossas emissoras de TV estão fazendo um verdadeiro estardalhaço em cima disso, com nosso voto podemos mudar alguma coisa, colocar alguém de valor para comandar a nação e os estados, mostrar que não estamos contentes com o que está acontecendo no quadro da política nacional. Realmente, concordo, todavia isso está muito longe de ser verdade e o voto; essa ponte que une os divisores entre ricos e pobres, famosos e desconhecidos; nunca terá o peso que lhe concedem enquanto tivermos que votar obrigatoriamente. Isso por que, e não tenho nenhum orgulho de dizer isto, sendo o voto uma obrigação abre-se margem para o eleitor sem critério; não quero dizer que existem pessoas que merecem votar e outras que não merecem, contudo infelizmente há pessoas que sabem votar e outras não. A verdade é que a grande maioria dos eleitores de nosso país só vota por que são obrigados e por isso votam sem investigar, sem estudar o candidato ou mesmo por terem recebido algo em troca do voto e é por isso que vemos esse estouro de corrupção em todos os cantos de nosso país; por que políticos inescrupulosos conseguem chegar ao poder sem se preocupar com a verdadeira obrigação de seu cargo, pois sabem que não serão cobrados.

Por isso sou favorável ao voto voluntário, não sei se com ele a corrupção irá acabar. Mas sei que haverá mais compromisso por parte dos candidatos eleitos, tenho certeza se nossa eleição fosse assim os governantes se preocupariam mais com suas atitudes e mostrariam mais serviço e poderia ser que isso despertasse um sentimento maior de patriotismo no brasileiro. Ou talvez não adiantasse nada e tudo continuaria na mesma, não sei estou aberto a opiniões quem quiser pode deixar a sua aqui.

O fato é que estou cansado de nossos anos eleitorais e me sinto indignado com muitas coisas que vejo acontecerem antes, durante e depois das eleições. Tem uma atitude que muito me chateia nos candidatos; podem prestar atenção nos que estão concorrendo agora; se você for falar com um ele lhe atende pega na sua mão lhe abraça só falta lhe beijar; agora, depois das eleições tente falar com esse mesmo candidato caso tenho sido eleito, se conseguir ser atendido; o que já se caracteriza um milagre; tente chegar até junto dele e veja se recebe um abraço. Um governador do meu estado quando estava em campanha visitou muitos grupos religiosos, uma vez foi até a convenção da igreja que faço parte; não citarei o nome, chegando lá foi muito bem recebido falou com todos e distribuiu abraços a torto e a direito. Muito bem, passado o período eleitoral e já eleito ele retornou a mesma convenção para agradecer; antes mesmo que chegasse foi pedido aos presentes que não se levantassem e nem estendessem a mão para excelentíssimo senhor governador, que deixassem o corredor livre para que ele chegasse ao púlpito rapidamente; o governador chegando foi direto para o local de onde falaria e nem olhou para os lados durante a passagem. Isso para mim é um grande desrespeito, quer dizer que enquanto candidato eles falam conosco, nos abraçam e nos prometem isso e aquilo; quando estão eleitos se transformam no excelentíssimo senhor alguma coisa e passam a ser sagrados e não podem ter um mínimo de contato físico com os reles eleitores?

Não sei se o voto voluntário altera alguma coisa em nosso país, mas estou cansado de ver como tudo está, penso que chegou o tempo de tentarmos mudar ou então estamos fadados à deixa para nossos filhos um país com uma realidade política muito pior que a atual.

Petrus Stone
Enviado por Petrus Stone em 13/09/2006
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