MEUS DETALHES, MINHA VIDA

Quantas vezes eu já ouvi essa melodia!?!?

Desde há muito tempo vem fazendo parte de minha vida!

Ora uma oportunidade única, ora como coadjuvante de uma ação.

Já a chorei por caprichos de adolescência.

Já a chorei por não ter o que eu queria.

Já a cantarolei nas tardes de sol, verão na praia, felicidades mil.

Mas também, já a tive como saudade.

E de todas as formas, os detalhes sempre ficaram e um um pequeno mosaico de meu coração.

A cada pedacinho colorido foi deixado um detalhe. Pequeno ou grande, quebrado, inteiro.

E todos os pedaços formaram meu coração.

Então, não ligue se ele bater descompassado assim. Meio torto, meio louco, meio moleque. Meio adulto, meio mágico. Meio bobo, meio alquebrado, meio doido, meio morto, meio desvairado....

São remendos importantes. Que não rasgaram-no. Fizeram dele meu único aparelho de transmitir o que eu sou.

Poderão, a medicina, a ciência, dizer que é feito de tecidos, veias, sangue, músculos. Mas, meu coração, não é nada disso só não. Ele tem cores tão diversas. Tem modos tão distintos. Tem formas tão brincalhonas que confesso, me faz rir. As vezes acho que ele é um eterno palhaço, brincando de colorir o meu mundo mágico. E muitas vezes, joga purpurina na estrada de meu circo, quando não faz algazarras em meu picadeiro da alma.

Quantas vezes dormi nos detalhes que ele anotou. Pequenos versos, caídos ao léu, ou dispostos embaixo do colchão.

Tinha tempo, que parecia um fruta, de tão maduro que estava. Mostrava seu suco esparramando quimeras e sorrisos ao arrebalde.

Ah, mas tinha tempo de tempestade. Quando navegava afoito em mares bravios. As ondas da vida jogavam contra seu casco, feito de durezas como crueldade, temor, raiva, choro, dor, noites sem estrelas.

Nesse tempo, ficava todo encharcado, molhado. Se escondia entre panos, caia nos travesseiros. Deixava as lágrimas despencarem pelo seu atracadouro.

Os detalhes expostos nunca formaram cicatrizes, como podem muitos pensar. Essas cicatrizes ficavam somente no meu peito. Lá dentro, no coração, os detalhes, de montão, eram escadas espirais, janelas abertas para o futuro de um jovem amor, portas escancaradas para o nada do céu, formavam losangos pelos chãos, como folhas secas no verão. Tinha ventos que empurravam alguns detalhes abaixo, caiam suave, como a noite no sertão. Nesses momentos, a languidez de meu corpo jazia dolente, como criança contente. Era um beiço só. Tal como quando a gente come quebra queixo em pleno sol de meio dia. Derrete todo pelas laterais, desliza entre os dedos que logo lambemos, para não perder uma só gota.

Ah. meus detalhes são tão importantes! Vem sendo construídos há tempo. Nem me recordo de todos eles, mas sei que os tenho aqui. E sei bem disso, quando vejo a Lua naquele céu negro rodeado de estrelas que piscam em retorno ao meu sonhar. Quando deito ao chão, num dia de calor, e sonho com as nuvens sendo calçadas de meu quintal, como se o céu fosse o chão e o chão fosse o meu céu. Tudo ao contrário.

Como tudo isso é bom. Recordar, ter, experimentar, possuir, desprezar, manter, dispor....Como é legal viver com "Detalhes de nós dois"- eu e meu coração!

(Milena medeiros 01:00h -16/08/10- um dia após a cirurgia de Marcos Machado-inspirado no vídeo feito por ele com a melodia de Roberto Carlos- Detalhes) -PUBLICADA PRIMEIRAMENTE NO BLOG NO SITE BLOGGER- ENDEREÇO EM MEU PERFIL