Quem inventou o inferno?

O que significa a palavra inferno? Como externo é de fora e interno é de dentro, não é difícil entender que superno é de cima e inferno é de baixo. Mas, em se tratando de religião, não é tão simples assim.

"Ou, se o teu pé te fizer tropeçar, corta-o; melhor é entrares coxo na vida, do que, tendo dois pés, seres lançado no Vale de Hinon, onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga." Marcos, 9: 45, 46). Nota: O termo grego "geenan", traduzido nas bíblias para "inferno", é a versão do hebraico "gei-hinon" = Vale de Hinon. O latim "infernus" corresponde ao grego "hades" e ao hebraico "sheol" = sepultura.

Há mestres religiosos, no entanto, que rejeitam o significado simples da palavra “inferno” dizendo que nunca significa sepultura. Mas há textos bíblicos indiscutíveis, como o seguinte: “Não descerá meu filho convosco; porquanto o seu irmão é morto, e só ele ficou. Se lhe suceder algum desastre pelo caminho em que fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza ao Sheol” (Gênesis, 42:38).

Para acatar a opinião dos tais mestres, teríamos que afirmar que Jacó acreditasse que seu filho falecido estivesse a sofrer no referido lago de fogo eterno e que ele próprio desceria para lá. A Bíblia contém muitas afirmações absurdas; mas não chegaria a esse ponto. Assim só podemos crer que o escritor bíblico estivesse referindo-se à sepultura co a palavra “sheol”. Ademais, os escritos do Velho Testamento não contém a crença de sofrimento ou gozo após a morte. A exceção é o livro de Daniel, que contém pelo menos parte escrita nos dias cristãos. MORTOS).

Pedro, ao pregar que Jesus ressuscitou no terceiro dia de sua morte, citou o salmo que diz: "Não deixará a minha alma do inferno, nem permitirá que teu santo veja corrupção." (Atos, 2: 27). A palavra no salmo (Salmos, 16: 10)era "sheol", no grego (Novo Testamento) era "hades", correspondente ao latim "infernus", referindo-se claramente à sepultura, onde o pai não teria deixado apodrecer seu santo filho.

O Vale de Hinon era o local onde eram lançados os cadáveres dos condenados à morte, assim como carcaças de animais. Lá tudo era comido pelos vermes ou destruído pelo fogo, que estava constantemente a arder. Não havia lugar melhor para Cristo ilustrar o destino dos que não seguissem os seus ensinamentos.

A parábola "Rico e Lázaro", que apresenta o rico em tormentos e o Lázaro feliz no seio de Abraão,foi um dos principais textos a sustentar a teoria de que o homem tem uma alma imortal, que sai do corpo após a morte e vai para o céu ou para o inferno, nome atualmente dado ao "lago de fogo" em que serão lançados os maus segundo a visão de João no Apocalipse.

Na Idade Média, explicava-se que as erupções vulcânicas eram chamas do inferno lançadas pelos demônios.

Há várias versões para a punição divina dos maus. Para os católicos, os perdidos morrem e suas almas imateriais vão diretamente para o inferno, padecer infindavelmente; os outros vão para um outro lugar, denominado "purgatório", onde sofrerão até pagar os pecados, indo a seguir para o céu. Para vários outros grupos cristãos, a maioria, as almas dos maus vão diretamente para o inferno ao morrerem, passando a sofrer também o castigo eterno, e as almas dos agraciados de Deus vão para o céu, para a vida eterna.

Para alguns outros cristãos, inclusive adventistas e testemunhas de Jeová, essa alma imaterial não existe, mas os mortos ressuscitarão no dia do julgamento divino, indo os bons para o céu e os maus sendo lançados no lago de fogo, para serem consumidos, porém não havendo um castigo sem fim, o que não poderia coincidir com a imagem de um deus justo. Algumas religiões mais primitivas tem idéia de um lugar de tormento também aproximado do pregado pelos católicos e protestantes.

João de Freitas

Ed
Enviado por Ed em 26/09/2006
Código do texto: T250164