O PERIGO QUE RONDA AS ESCOLAS

Há muito tempo que escola não é sinônimo de segurança para os alunos. Dentro dos portões das instituições de ensino, mesmo com toda a vigilância de professores e coordenadores, alunos são autores e vítimas de buylling (termo inglês usado para designar intimidação, agressão e humilhação de estudantes por outros estudantes). O perigo maior reside é fora dos muros da escola, mais precisamente na porta, na esquina, nas cercanias.

Nesta reportagem iremos abordar alguns dos maiores perigos que rondam os estudantes de Goianésia e no Brasil, no geral:

VANDALISMO

Prática bastante apreciada por estudantes, o vandalismo é um meio de afirmação social, de ascensão a algum grupo ou simplesmente fonte de aventura e prazer para algumas crianças e adolescentes. Na saída da escola, o agrupamento de alunos, principalmente do sexo masculino, acaba sendo o ponto de partida para a ação, que vai desde danificar aparelhos telefônicos públicos, pichação, apedrejamento de transeuntes, tocar campainhas, entre outros atos de delinqüência.

PROSTITUIÇÃO

Apesar de não ser muito comum, Goianésia já registrou casos de meninas de 14, 15 anos serem aliciadas na porta das escolas para se prostituírem. Os algozes normalmente são rapazes acima de 21 anos, que possuem carro ou moto e têm fala fácil, a chamada lábia. Rapazes bem sucedidos mexem com o imaginário das mocinhas, pois representam poder, segurança e, ao mesmo tempo, aventura.

A possibilidade do dinheiro fácil, do acesso aos bens de consumo e também a sensação de liberdade, de transgressão, o fator novidade, ser diferente da maioria e ser igual à turma, aos descolados, tudo isso acaba facilitando o caminho entre o portão da escola e o mundo do sexo precoce, do sexo por dinheiro, do sexo por protesto, do sexo por aventura, na adolescência.

DROGAS

Presente em todas as realidades, as drogas também batem ponto na porta das escolas. A Polícia Militar de Goianésia sempre faz rondas, no período da noite, na porta dos colégios e, em algumas situações acabam encontrando usuários e pequenos traficantes, que aproveitam o público em potencial. Normalmente desenvolvem amizade com os alunos e acabam se enturmando. A partir daí para o consumo de maconha, cocaína, crack, entre outras drogas, é um pulo.

Cada vez maior o uso de drogas por parte de jovens e adolescentes preocupam as autoridades. E se alguma coisa não for feita, de forma urgente, a escola e seus arredores se tornarão o principal caminho para este mundo, muitas das vezes, sem viagem de volta.

JOGOS E INTERNET

Não é errado uma criança ou um adolescente se divertir com um jogo eletrônico como videogame ou Counter-Strike. Nem mesmo acessar sua página do Orkut. O que não é correto é por causa dessas diversões, o aluno fingir que vai à escola e ganhar o caminho de uma lan house ou fliperama. Como por determinação da Justiça, estas casas não podem aceitar a presença de pessoas com uniforme escolar, muitos alunos acabam dando um jeito de driblar a proibição: levam uma camiseta reserva na mochila e fazem a troca. E ainda dão um jeito de esconder a mochila, para entrarem normalmente na lan house ou no fliperama.

Em alguns casos, a proximidade destas casas de uma escola acaba se tornando uma isca certeira para os estudantes. Bem dosado pode ajudar o aluno na sua coordenação motora, mas usado de forma exagerada, acaba viciando e trazendo dissabores como o desinteresse pela escola, pela vida social, pelo esporte e inquietação.

BARES

Assim como casa de jogos eletrônicos, alguns bares estão localizados estrategicamente próximo a escolas e faculdades. Quanto aos alunos adultos não há qualquer dificuldade legal: são donos de seus destinos. Mas acontece que transitam por esses bares adolescentes, que acabam consumindo bebidas alcoólicas, cigarros e ficando em situação vulnerável. Muitas vezes o bar é a porta de entrada para a promiscuidade, as drogas e a evasão escolar. Para não ficar exilado da turma dos descolados, muitos alunos acabam experimentando álcool, cigarro e afins. Não poucos tornam-se consumidores assíduos e mudam suas trajetórias de vida, trocando a sala de aula pela mesa do bar.

Alternativas

Ninguém está imune a esses perigos, que inclusive, são tentadores para qualquer um. Mesmo o aluno mais pacato pode se sentir atraído para alguma dessas ciladas. Não há uma vacina que proteja de forma definitiva os adolescentes de optarem por esse mundo. Muitas das vezes a simples curiosidade faz com que haja o contato.

Mas cabe aos pais ou responsáveis a tarefa do diálogo e do acompanhamento constante. Conversa nunca faz mal. Pelo contrário, conquistar a confiança do filho e estabelecer uma relação honesta, explicando os perigos, é a missão principal dos pais para evitar um revés escolar. Observar também os hábitos dos filhos, tomar providência quando notar qualquer mudança brusca de comportamento, como irritação sem motivo, “sumiços”, mistério, novos amigos, cheiro de álcool e cigarro, entre outros.

Aos professores é importante que orientem os estudantes quanto aos perigos que os esperam fora da escola, apresentar de forma séria as armadilhas existentes na rua. E é dever das autoridades, principalmente as policiais, investigarem estabelecimentos próximos à escolas, fazerem rondas nas portas das unidades de ensino e orientar os estudantes quanto a esses males.

Mas os estudantes também precisam se conscientizar, buscar informações e aprender a se defender. Há uns 20 anos, o perigo era apenas não falar com estranhos e ficar bem longe dos caras do carro preto que ofereciam balas. Hoje, o mal se reveste de trajes mais amenos e menos assustadores, sedutores até. Sem esta força-tarefa a porta de saída da escola será simplesmente a porta de entrada para o submundo, para o perigo, para o mal caminho, que tanto atraem os jovens.

* REPORTAGEM PUBLICADA NO JORNAL FOLHA DO ESTUDANTE, EDIÇÃO DE OUTUBRO DE 2010.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 25/10/2010
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