Eleições no Brasil

A crise política que assola o Brasil há bom tempo, resultante dos desmandos morais de alguns candidatos eleitos para o poder público, não é outra senão a resultante da crise moral interna que todos nós, os seres humanos ainda carregamos interiormente.

Não há dúvida que os homens públicos, que se elegem pelo voto, adquirem enorme responsabilidade consigo mesmos, perante a própria consciência a quem terão que prestar contas no futuro, e para com terceiros (no caso a população) por quem respondem na condução do processo social decorrentes do poder.

Todavia, outro fator não pode ser esquecido: o voto. Somos nós, os eleitores, que colocamos o poder nas mãos daqueles que se candidatam. Eles, os eleitos, responderão pelo uso do cargo (em toda sua extensão); nós, os eleitores, pelo voto coletivo que atribuímos.

A questão é que a responsabilidade passa a ser nossa, coletiva. Sem prejuízo da responsabilidade daqueles que corrompem, desviam recursos ou aproveitam-se do temporário e ilusório status do poder nas mãos.

Todos os seres humanos detemos responsabilidades mútuas de conduzir nossas vidas de forma que a solidariedade (aí incluídos o respeito à diversidade, a fidelidade à moral e à cidadania, para citar apenas esses exemplos) seja o patamar de nossas ações. Ora, isso requer uma luta sem tréguas contra a tendência humana, natural, de levar vantagem, de explorar interesses alheios, de não se importar com prejuízos causados e outros itens indesejáveis, reconheçamos ainda presentes dentro de nós. Referida luta convida-nos à uma verdadeira receita para construção da felicidade no planeta que pode ser resumida em três itens:

a) consciência tranqüila; b) um coração que ame; c) mãos operosas no bem coletivo.

Na verdade, a missão de vida de cada um de nós está enquadrada igualmente num programa tríplice: a) instruirmo-nos mutuamente em nossas habilidades; b) auxiliar o progresso humano onde estivermos; c) melhorarmos nossas instituições onde atuamos.

Note-se que isso requer desprendimento, altruísmo. Inclusive de governantes.

Mas como isso ainda não está assimilado devidamente, o que vemos é o resultado do egoísmo feroz que destrói vidas, dilapidam recursos e desmoralizam os costumes com exemplos que contaminam nossos jovens e crianças, criando verdadeira bola de neve de prejuízos que desaguam na própria sociedade.

O segredo está na educação. Educação que forma cidadãos conscientes, moralizados, que respeitam o próximo em todos os aspectos, inclusive nesse disputado dos bens materiais, também transitórios e passageiros.

Por isso, o voto envolve muita responsabilidade. É preciso pensar bem.

Sejamos candidatos ou eleitores, estejamos ou não no poder, a virtude está em resistir ao arrastamento das más tendências. O sublime da virtude, todavia, consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem oculta intenção.

Note o leitor que o sacrifício do interesse pessoal é comum para eleitos e eleitores. Votar buscando atender interesses próprios ou buscar votos no interesse pessoal é a mesma coisa. Ambas as situações situam-se na corrupção moral... É para pensar...

O que deve nos mover é o interesse coletivo, afinal estamos todos no mesmo barco e precisamos muito, mas muito mesmo, uns dos outros.

Orson
Enviado por Orson em 09/10/2006
Código do texto: T260099