AOS SEGUIDORES DE ROBERIO DE OGUM

A ignorância é vizinha da violência. Foi o que pensei após ler os comentários dos seguidores de Roberio de Ogum sobre minha crônica “O pan-americano faliu e ninguém previu.” Recebi comentários sem nenhuma reflexão plausível, apenas intolerância frente ao direito de livre pensamento.

Não sou obrigado a acreditar em videntes e sou muito menos obrigado a ver o que todos querem ver, e, principalmente quando uma minoria barulhenta se acha no direito de se arvorar da verdade. Desculpem-me mas ainda creio na máxima de Nelson Rodrigues: “Toda unanimidade é burra”.

Respeito e Acredito no substrato espiritualista que compõe a nossa formação cultural. Acredito numa religião capaz de religar o homem ao universo, mas pela mãe do guarda, não queiram que eu acredite em pessoas que vão pra frente das câmeras falar sobre o futuro dos famosos... Isto me parece entretenimento, show business, ou simplesmente faz-de-conta, pra usar um termo mais Monteiro Lobato. Mas se alguns consideram religião, paciência...

Não sou fã de Roberio de Ogum e nem por isto o combato, pelo contrário lhe sou indiferente. Sua presença em minha pasta de inutilidades só aconteceu, porque como expliquei em minha ultima crônica, guardo previsões para compará-las no final do ano. Uma atitude que aprendi nos primeiros anos de escola. Afinal a ciência pode ser resumida a comparação de fatos, ou não é?

O problema é que nos deixamos cegar por nossas certezas, e, quando o assunto foge da esfera do material, o problema se complica ainda mais. Isto porque a imaterialidade envolve a emoção, conecta-se com nossos sentimentos mais profundos e por conseqüência abalam nossas áreas de segurança, e a insegurança torna-se intolerância.

Conquistamos o espeço sideral, mas nossa capacidade de compreensão da ciência ainda clama pelas fogueiras da Inquisição, as batinas saíram de moda, mas a intolerância está mais refinada.

Além disto há a questão da fluidez de nossos tempos, quando as pessoas impossibilitadas de encararem a vida como adultos se apegam a lideres, a seres com supostos poderes mágicos, para que se sentirem seguros. Reflexos de nossa incapacidade de independência, remanecencias de nosso espírito gregário, resquicios de nossa em busca de um líder que nos diga o que fazer, fuga da responsibilidade de nossos atos.

Dois tipos de gente me assustam, os completamente niilistas, pois sem valores não se importam e nem respeitam o outro. E os extremamente religiosos, estes ainda mais, porque sendo inseguros escoram-se em partes da realidade e se auto proclamam os filhos de Deus, os redentores de uma humanidade perversa que duvida do seu Deus e ao invés de assumirem sua verdade através de uma ética planetário simplesmente pregam a sua doutrina moralizante e cheia de amarras.

Mas isto me fez repensar o preconceito que confesso tinha dos evangélicos. Achei que eram os únicos e com muita tristeza constatei que os “esotéricos” e os “espiritualistas” também sofrem da maldição da intolerância. A coisa está mais putrefata do que imaginava.

Por sorte tenho sobre minha mesa a foto de Chico Xavier sorrindo e juro que neste momento ele parece dizer: “Merece perdão quem faz mal sem saber...”

Mas também tenho uma foto do Oscarito e ele rindo me manda perguntar "Será que o Roberio sabe quem matou o Sauro de Passione ? "