Filhos da Pátria

Os meninos de rua representam a exclusão social de uma imensa parcela da sociedade brasileira. Nas cidades preenchem espaços já ocupados, e, apesar de incômodas, as suas presenças já são parte do cenário cultural do país.

Eles estão em todos os lugares: nos cartões postais em forma de belas negras meninas, prontas para dar prazer; em pontos turísticos, representados pelo sorriso branco do moleque vivaz que recebe trocados pelos seus conhecimentos locais; ou simplesmente abandonados nas calçadas. Adultos em corpos de criança, somente desconhecem o caminho da escola.

No Brasil, a incompetência governamental em políticas para a criança e o adolescente foi transformada em proposta cultural para estrangeiros. Exploração sexual, prostituição infantil, mendicância ou furtos praticados por menores de idade fazem parte do pacote oferecido a quem chega. Basta se adaptar e utilizá-lo da maneira que lhe convier.

Jamais houve o controle da realidade infanto-juvenil das ruas. A FEBEM não consegue dar bem-estar aos seus internos, as crianças continuam vítimas de crimes sexuais, a violência doméstica predomina nos lares mais humildes, e a impunidade perdura. Os meninos e meninas infortunados nunca terão de volta o que perderam. Suas inocências se vão sem que eles tenham vivido as descobertas da infância.

O futuro brasileiro dos dias de hoje é o resultado da negligência, do desprezo e do descaso social. Serão os adultos sobreviventes da política omissa que se mantém viva apesar de matar em vida os seus pequenos cidadãos.

by Antônia

Antônia
Enviado por Antônia em 16/10/2006
Reeditado em 16/10/2006
Código do texto: T266007