Da Itália para o Brasil II

Da Itália para o Brasil (II)

Segundo relatos de alguns professores italianos, toda estrutura produtiva existente na região de Veneto em meados do século passado, foi totalmente destroçada durante a segunda grande guerra mundial. Prevaleceu e subsistiu o espírito solidário e cooperativo de seus habitantes. Alguns italianos que conhecem a estrutura produtiva do Estado do Piauí comparam nosso atual estágio produtivo com a estrutura venetiana do pós-guerra.

A visita à Itália que ora empreendemos, graças a iniciativa da FUNACI e da Prefeitura Municipal de Teresina proporcionou-nos uma ótima oportunidade para entendermos porque ainda estamos dando os primeiros passos em termos de desenvolvimento no sentido lato do termo. É verdade que a experiência humanística, educacional, social e política da Itália é milenar e em quase nada se parece com a experiência brasileira. Temos apenas 510 anos de vivência civilizatória, porém, alguns marcos em termos de organização social, a Itália tem muito a nos oferecer para que alavanquemos o nosso tão desejado desenvolvimento, a partir da família onde os valores culturais são perenemente cultivados em estreita ligação com a escola.

Conhecemos de perto, através de visitas, duas escolas profissionalizantes para jovens, uma na cidade de Padova e outra em Castelfranco, cujo foco, em ambas, é a formação de profissionais em turismo. Nelas constatamos a disciplina no aprendizado dos jovens aprendizes e com bastante relevância, a dedicação e a valorização dos professores. Em Treviso, participamos da feira nacional da agricultura (na Itália comemora-se no dia 11/11, o dia da agricultura), onde pequenos agricultores da Província, orgulhosamente apresentaram o que produzem em suas terras, para degustação e venda. Há que se registrar a presença constante do espírito solidário e participativo de cada família produtora .

Segundo entendemos, ao atual estágio de desenvolvimento, precederam duas importantíssimas fases: a primeira, caracterizada pelo associativismo, onde as famílias se organizavam segundo suas potencialidades produtivas. Numa fase posterior mais avançada, as famílias solidificaram e persistem ainda hoje unidas através do cooperativismo, onde, por fim, estabilizaram suas atividades econômicas. Também é verdade, que algumas famílias não aderiram ao associativismo e ao cooperativismo, porém não abandonaram os preceitos básicos de uma vivência digna, pautados no trabalho e na boa convivência familiar.

Ao final, perguntamos: com tanta água, com tanta terra e com tanto sol, por que ainda estamos, no Piauí, submissos à pobreza que tanto maltrata nossa gente? Deduzimos e concluímos que depois de tanto mar e de tantas léguas a nos separar da Itália, é possível reverter o estado de pobreza em que vive o Piauí. Urge, portanto, que o poder público e a sociedade civil unam-se na promoção da qualificação profissional de nossa juventude, valorizando as potencialidades locais, os valores familiares, a fim de que sejamos dignos de um futuro promissor. O resto virá depois e quem viver verá.

Rui Azevedo.

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 08/12/2010
Código do texto: T2661189