No Brasil é permitido até o que é proibido

Em dia de eleição não se toma “pinga”. É isso que a lei seca defende, mas não é isso que se vê.

Passei quase duas horas numa fila esperando para que votasse. Presenciei várias pessoas discutindo pela permanência na fila e questionando aos fiscais porque a “bendita” não saía do lugar. Percebi em volta algo que a meu ver não poderia acontecer. Fiscais do Tribunal Regional Eleitoral vestidos com camisas que você notava que eram de candidatos, e não eram quaisquer candidatos. Eram “os” candidatos. Não havia sequer menção do nome deles, mas você percebia pela frase da coligação que já dizia tudo. Para mim isso não poderia existir. Fosse ser fiscal com um pouco mais de neutralidade!

Quando saí da votação (fui andando pra casa), me deparei com um homem, solitário, bebendo. Pensei comigo: “Isso é proibido”! Mas tudo no Brasil é permitido, inclusive o que é proibido. Não faltou também papel no chão (santinho de político), e boca de urna camuflada, se bem que alguns se deram mal com a polícia de marcação cerrada.

Chego perto de casa, o que olho mais? Gente bebendo, os bares cheios até. Fiquei sabendo por terceiros que um homem chegou até a passar mal na seção eleitoral e adivinha por quê? Já sabe a resposta não é? Mas se não sabe, eu digo. O indivíduo tinha ido votar depois de beber. Pessoa tal não merece ser chamada de cidadã, já que não exerce a moral necessária para tal ato.

Enfim, espero pelo menos melhoras neste segundo turno. Sabemos que nada que é proibido por lei é obedecido pela consciência humana aqui no Brasil. Se um faz errado, todos também o querem fazer, se acham no direito de fazer. Então, se assim querem um país anárquico para quem pode, terão um país com desordem e regresso.

Jô Borges
Enviado por Jô Borges em 18/10/2006
Código do texto: T267716