A importância de ser mãe

Prólogo:

“Aprendemos a ser filhos depois que somos pais...”

“Só aprendemos a ser pais depois que somos avós...”

Há uma alegada passagem da vida de González Pecotche em que ele teria afirmado: “Para as crianças os pais são a imagem da perfeição, é responsabilidade dos pais realizarem esta imagem.”.

Wilson já não sofria tanto com a perda de sua mamãe Júlia no mês de março e ano de 1983. Ele sabia de uma verdade: O tempo cura as dores e feridas mais lancinantes.

De vez em quando, ao olhar as fotos dos álbuns de família, a dor cruciante, como uma brisa que perpassa pelas ramagens sublimes de seu jardim, sempre florido, ameaça surgir sorrateira para alquebrar sua fortaleza interior.

Uma outra verdade? Ei-la: Igual ao óleo e a água a matéria não se mistura com a luz! Papai Muniz e mamãe Júlia são luzes intangíveis e, desde os seus desencarnes, ao se transformarem em luzes brilhantes, tal qual energia vital, não podem se comunicar com os imerecidos.

Wilson, naquela época, não acreditava na existência da vida espiritual pós-morte. Via e ouvia seu papai Muniz dizer caricioso para sua esposa de olhar distante: “Se eu for primeiro (referia-se ao necessário desencarne) esperarei por você para lhe mostrar nossa eterna morada...”.

Não. Em absoluto! Isso não ocorreu e a mamãe é que ficou esperando-o para abraçá-lo e dar-lhe um energizante sorriso de boas-vindas. Só em outubro de 1999 ele pôde reencontrar sua amada Júlia que nunca teve chilique de prima-dona.

Mulher séria, amiga, leal e sincera, Dona Júlia, como era conhecida no Bairro da Bela Vista, nunca deu ensejo a um comentário desairoso sobre sua elevadíssima conduta. Tenho orgulho de minha mãe e meus pais são (foram) os meus melhores exemplos de honradez e excelsa beatitude. Sou o que sou graças aos cuidados, às vezes, extremados deles.

Hoje, após inúmeros exemplos dignificantes e esclarecedores, Wilson acredita que os cadinhos de melhor tratamento térmico ou químico dado ao vidro para aumentar sua resistência mecânica, igual ao pai e mãe, envoltos em luz energizante, que lhe forjaram com a melhor têmpera, pois estão irradiando luz e paz para todos os membros de sua família.

Wilson sabe que longa é a estrada que ainda terá de percorrer para a necessária evolução de seu espírito altaneiro, sem soberbia. Ah! Nem sempre de vivência material vive esse altaneiro herói. Ele leu um texto muito bom sobre o tema DOUTORAS.

Nessa história ele conta porque o enredo é bem parecida com o tema de seu texto. Trata-se da história de uma mulher que se submeteu a uma entrevista para renovar sua carteira de motorista. O tema da história? DOUTORAS!

DOUTORAS

Certo dia, uma mulher chamada Anne foi renovar a sua carteira de motorista. Quando lhe perguntaram qual era a sua profissão, ela hesitou. Não sabia bem como se classificar.

O funcionário insistiu: O que eu pergunto é se tem um trabalho. "Claro que tenho um trabalho", exclamou Anne. Sou mãe.

- Nós não consideramos isso um trabalho. Vou colocar dona de casa, - disse o funcionário friamente. Uma amiga sua, chamada Marta (por coincidência Marta é o nome de minha nora querida e mãe de meus netos Wictor e Nathalia), soube do ocorrido e ficou pensando a respeito por algum tempo.

Num determinado dia, ela se encontrou numa situação idêntica. A pessoa que a atendeu era uma funcionária de carreira, segura, eficiente. O formulário parecia enorme, interminável.

A primeira pergunta foi: Qual é a sua ocupação? Marta pensou um pouco e sem saber bem como, respondeu:

- Sou doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas.

A funcionária fez uma pausa e Marta precisou repetir pausadamente, enfatizando as palavras que entendia serem mais significativas. Depois de ter anotado tudo, a jovem ousou indagar:

- Posso perguntar o que é que a senhora faz exatamente? - Sem qualquer traço de agitação na voz, com muita calma, Marta explicou:

- Desenvolvo um programa a longo prazo, dentro e fora de casa. – Pensando na sua família -, ela continuou: - Sou responsável por uma equipe e já recebi quatro projetos. Trabalho em regime de dedicação exclusiva. O grau de exigência é de 14 horas por dia, às vezes até 24 horas.

À medida que ia descrevendo suas responsabilidades, Marta notou o crescente tom de respeito na voz da funcionária, que preencheu todo o formulário com os dados fornecidos. Quando voltou para casa, Marta foi recebida por sua equipe: uma menina com 13 anos, outra com 7 e outra com 3.

Subindo ao andar de cima da casa, ela pôde ouvir o seu mais novo projeto, um bebê de seis meses, testando uma nova tonalidade de voz. Feliz, Marta tomou o bebê nos braços e pensou na glória da maternidade, com suas múltiplas responsabilidades e horas intermináveis de dedicação.

A Nathalia, menina travessa grita de um cômodo: "Mãe, onde estão minhas sandálias? Mãe me ajuda a fazer a lição? Mãe, o bebê não para de chorar. Mãe, você me busca na escola? Mãe, você vai assistir a minha dança? Mãe, você compra aquele pula-pula que eu tanto quero? Mãe, você me abraça? Mãe você me compreende e me perdoa por desejar ser tão cariciosamente atendida?".

Sentada na cama, Marta pensou: "Se ela era doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas, o que seriam as avós?".

E logo descobriu um título para elas: Doutoras-sênior em desenvolvimento infantil e em relações humanas. As bisavós, Doutoras executivas sênior. As tias, que moram perto e estão sempre ligadas aos menores problemas com os sobrinhos doutoras-assistentes.

E todas as mulheres, mães, esposas, amigas e companheiras: Doutoras na arte de fazer a vida melhor. O vovô Wilson um chato e careta que só pensa na felicidade dos filhos, noras, genros e netos como se isso fosse o cerne da felicidade eterna... Seria promovido a paladino para cuidar das causas e problemas impossíveis de serem solucionados pelas vias normais.

CONCLUSÃO

Agora escrevo meu ensinamento para todas a minhas notáveis leitoras:

No mundo em que os títulos são importantes, em que se exige sempre melhor especialização, na área profissional, torne-se especialista na arte de amar. Como excelente mestra, ensine aos seus filhos, através do seu melhor exemplo, a insuperável arte de expressar sentimentos.

Ensine a difícil arte de interpretação de choro de bebê e de secar lágrimas de adolescente. Exemplifique a renúncia, a paciência e a diplomacia e colham vitórias merecidas e justas ao final de cada dia. Alegre-se com os louros dos seus esforços nos abraços dos seus filhos e na espontaneidade de suas manifestações de afeto, na alegria e importância de ser mãe.

Nossas crianças estão crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. Tornaram-se rebeldes e senhores de si. E você está agora ali, na porta da discoteca (antes era na porta da escola), esperando que elas não apenas cresçam, mas apareçam! Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes sobre patins e cabelos longos, soltos ou com a mochila escolar nas costas.

E você, mãe paciente, apazigua o espírito do pai nervoso e aflito.

Ali estamos (pai e mãe) com os cabelos esbranquiçados, os cenhos franzidos, carregados, roendo as unhas e eles simplesmente não chegam!

Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias nem sempre alvissareiras e da ditadura das horas eternas nas madrugadas solitárias a espera de um telefonema deles.

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NOTAS REFERENCIADAS E BIBLIOGRÁFICAS

- Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada.