O valor do dossiê

Numa democracia é o povo que delega seus poderes aos governantes. Somos nós que, através do voto vamos ter, além da oportunidade de escolher, a responsabilidade em transferir nossa cota de poder para alguém que passa a nos representar. Esse nosso representante necessariamente tem que ser melhor do que nós em todos os sentidos, pois suas decisões vão incidir sobre nós,sobre nossos vizinhos e nossas futuras gerações.

È aterrorizante o diagnóstico do exame radiográfico imposto à classe política do nosso País. Mais do que nunca faz-se necessário dar início a uma monumental tarefa visando corrigir equivocados comportamentos. De início, exigir de nós mesmos “elevados“ critérios na escolha dos nossos futuros representantes.

Aliás, antes de pensar em escolher, e até para que tenhamos chances no escolher, necessário se faz que os presidentes de todos os partidos eliminem dos seus quadros aqueles candidatos nitidamente desqualificados. Fica explícito que o presidente do partido deve submeter-se ao crivo.

Subseqüentemente espera-se que o TRE, visando propiciar mais de que subsidio ao eleitor, no uso de suas prerrogativas e no sentido de imbuir decência aos cargos políticos pleiteados e respeito ao ato cívico ao qual nos submetemos a cumprir, tome as medidas necessárias.

Seria plausível que no âmbito dessas medidas, sejam contemplados critérios sérios no que diz respeito ao uso do horário político gratuito nos veículos de comunicação bem como qualquer outro meio de propaganda.

Não podemos tolerar essa forma bizarra, para não adjetivar como “pobre”, feia, ignorante, mentirosa,covarde, desonesta, tendenciosa, medíocre, etc. a que esses candidatos fazem uso. Medidas e propostas devem ser analisadas, como por exemplo a possibilidade de ao invés do partido repetir chamadas vagas diversas vezes ao dia, por que não acumular esse tempo numa fração maior de tal maneira que fosse viável a apresentação de idéias, planos e propostas concisas?

Nessa apresentação necessariamente estaria contemplado o currículo do candidato no qual se buscaria respaldo para suas propostas.

Mas,impressionante, para não dizer inacreditável.

Decorridos apenas alguns dias para encerrar este manifesto e deparamo-nos com fatos novos.

E diga-se de passagem, que infelizmente as nuances que compõem mais essa mazela a qualificam numa escala de considerável gravidade. Não só pelo montante, R$ 1.700.000,00 (hum milhão e setecentos mil reais) quanto pelo desqualificado “maquiavelismo” X personagens envolvidas nessa complexa, ardilosa e descabida negociação decorrente de estratégias deploráveis com supostos fins eleitorais.

Deixo claro que não tenho ligação político-partidária com quem quer que seja, mesmo porque ainda não decidi meu voto para as eleições majoritárias.

Observo ainda, que até o momento, nenhum dos candidatos com chances reais de vitória contemplaram em seus projetos de governo de forma contundente ou prioritária o item que se apresenta como o principal pilar da reconstrução moral do nosso país que é a Educação.

Necessariamente, essa nova educação deveria ser pensada com profundidade suficiente para que ainda que lentamente, pudesse resgatar os atributos necessários para a qualificação do povo, inclusive a essência para a formação da família, atualmente tão desprestigiada.

Ainda com relação àquele fato da negociação, torna-se mais grave quando visto sob a ótica da máxima que diz: “Não existe corrupto sem que haja o corruptor”.

Estava em curso uma negociação entre partes com interesses afins.

Lembremo-nos que essas partes representam aquelas que “são” e as que pretendem “ser” autoridades máximas do nosso pobre país.

De um lado concebeu-se um produto, um “dossiê” tão comprometedor ao ponto de, atingido o interesse ou a necessidade da outra parte, findou alcançando tamanha cotação.

José Oliveira
Enviado por José Oliveira em 21/10/2006
Código do texto: T270078