Só falta o espelhinho...

Quando os descobridores e colonizadores chegaram por essas praias brasilis, para enganar os índios, traziam uma porção de bugigangas. Mas, contam as lendas, do que os índios mais gostavam eram os espelhinhos.Talvez porque assim poderiam ver-se. Enxergar aquelas caras próprias, o que realmente acontecia.

Refiro-me a estes acontecimentos de 500 anos, porque me lembro dos “descobridores e desbravadores” da política de hoje em dia.

Entram nas nossas praias, que são as nossas casas, através daquele horário chamado gratuito, que de gratuito não tem nada, usando a TV. E naquele momento, tentando nos catequizar e mostrar suas novidades, nos impõem imagens de todas as cores e tipos, desde beijar criancinhas, apertar botões de inauguração de usinas, mostrar apartamentos novos e casas populares recém construídas. Um dos utensílios que mais aparecem são os capacetes. Aqueles de operários de obras. Os políticos ficam umas gracinhas com aqueles capacetes. Asfalto, então, é o que mais aparece. Escolas lindas. Postos de saúde modernos e sem filas. Obras e mais obras. Disputam também, durante os debates para nos convencerem, seus feitos e suas glórias. Mas também medem seus maus passos e suas falcatruas: “No meu tempo eu mandava apurar e demitir...” diz um. “Eu não sabia de nada...” diz o outro. “Comigo vai ter desenvolvimento, emprego e renda”. Ufa! “E comigo o Estado vai voltar a crescer”. E por aí vão as lengalengas, que depois os mediadores dizem que transcorreram em tom cordial e democrático.

Então nós ficamos, os telespectadores e pagantes da conta, como se fôssemos tupinambás, gês ou tapuias, recebendo nossas bugigangas.

Por que será que em vez de santinhos, os políticos não nos dão espelhinhos?

Assim ficaria mais fácil para nós vermos as nossas caras de palhaços.

Caras-pálidas e de palhaços.

Matogrosso
Enviado por Matogrosso em 27/10/2006
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