Do azar.

Diz a superstição que o número 13 é um número azarado, de mau agouro, essas coisas. É um perigo uma sexta-feira 13. Normalmente, quando são vendidos números de rifas, na hora do 13, ninguém quer. Mas, quando se reporta a estas crendices, estes números cabalísticos, misteriosos, vê-se que não é nada verdadeiro. De repente aparece um número que não faz jus ao próprio calibre.

Conforme comentários ouvidos durante a campanha do segundo turno para a Presidência da República, o número 45 era lembrado como um número poderoso, imponente, capaz de destruir o pobre do número do azar. Mas, deu no que deu.

Vendo os programas ao vivo da TV Senado, eram impressionantes as falas dos senhores Senadores a respeito da campanha política. Numa tarde apenas, entre 15 e 19 horas, tivemos a oportunidade de ver cinco senadores atacarem duramente o governo do 13. Teve um, pobre do velhinho, que empunhava uma edição da revista Veja, e dirigia ao filho do Presidente da República os mais baixos impropérios possíveis. Um outro ironizava o Presidente, pois o mesmo teria dito num debate que poderiam “ser atendidos 500 pacientes odontológicos por telefone”. Um terceiro, médico, pasmem os nossos leitores, dizia que não um operário que nunca trabalhou, mas sim um médico, e somente um médico poderia resolver “esta questão da roubalheira nacional”. Mais adiante, um Senador pelo Amazonas, dizia que o Lula, se reeleito, iria acabar com a Zona Franca de Manaus. Um outro, daqueles elegantes de terno e gravata, cabelos bem penteados, ares de tribuno, dizia que o avião que o Lula comprara, valia 6 hospitais, várias escolas, e outros quetais.

Ora, durante uma tarde inteira Senadores pagos com o nosso dinheiro não discutiram, uma só vez, sobre nada que fosse útil ou proveitoso do ponto de vista legal e que beneficiasse o povo. Claro que os Senadores da situação pediam apartes para defender o governo.

Então, azar mesmo não é nem dos números.

Azar mesmo é do povo brasileiro, que tem um Congresso deste nível, que não faz nada de útil há mais de 120 dias. Apenas fizeram campanha política, num festival de acusações que eram de baixíssimo nível.

Uns não queriam ter o azar de perder, e outros não queriam ter o azar de não ganhar.

Matogrosso
Enviado por Matogrosso em 29/10/2006
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