O desemprego e a sociedade mais ou menos.

O desemprego é um dos males que assola nosso país, isso é sabido por todos. Com ele vem junto a criminalidade, a violência, a desesperança...

E o que colabora para que a taxa de desemprego seja bem alta é a baixa qualificação das pessoas. 40% das vagas que são colocadas em disponibilidade pelo mercado de trabalho não são preenchidas porque não há capacitação.

Mais: As empresas estão constantemente reclamando que as universidades não formam profissionais capacitados, ou seja, essas vagas estão abertas, a espera de pessoas qualificadas para ocupá-las.

As empresas em parte têm razão. Muitos procuram os bancos acadêmicos mais preocupados com o diploma do que verdadeiramente se preparar para ocupar com eficiência uma vaga no mercado de trabalho.

Porém, devemos também ressaltar que as empresas por vezes têm uma posição contraditória.

A maioria delas vira as costas para pessoas com alta qualificação. Apenas 10% de nossos cientistas, mestres e doutores estão trabalhando para a iniciativa privada. No Brasil são formados por ano 8.000 doutores que lamentavelmente são preteridos pelas empresas.

Lamentavelmente há um grande abismo entre os homens de ciência e o mundo corporativo. Em países em desenvolvimento como Índia e China por exemplo, cerca de 54% de seus mestres e doutores estão trabalhando para a iniciativa privada. Não é a toa que esses dois países vem dando banho de crescimento em nossa economia.

Chegamos então a uma discrepância: Como as empresas cobram profissionais qualificados se quando estes se capacitam elas não os absorvem?

Amigo (a) leitor (a), veja a incoerência: Se o cidadão não se capacita está fora do mercado. Se o cidadão se capacita o mercado não absorve.

Isso é formar pessoas medíocres, é primar pelo mais ou menos, quer dizer: Preciso saber, mas não muito. O resultado é que teremos uma nação mais ou menos, uma economia mais ou menos, uma postura mais ou menos, uma vida mais ou menos, enfim, seremos uma sociedade mais ou menos, uma sociedade medíocre.

Nossas empresas trazem consigo uma cultura imediatista, de resultados a curto prazo. Preocupam-se pouco com tecnologia, investem pouco em pesquisa, valorizam quase nada a cultura. Claro, muito mais fácil cobrar do que investir, muito mais simples dizer que não há qualificação por parte das pessoas do que procurar fazer parcerias e auxiliar a formar profissionais capacitados, muito mais cômodo não investir em pesquisa, não valorizar o esforço...

A questão é o fato de que o conhecimento tem seu valor monetário, quanto mais alta qualificação de um profissional, mais alto será seu dividendo, e isso afasta esses profissionais de nossas empresas.

Contudo nunca é tarde para mudar, a questão do desemprego pode ser amenizada com duas posturas que aqui citaremos:

1 - Maior consciência das pessoas que podem buscar seu crescimento intelectual, ampliar seus horizontes cultivando a leitura, não se acomodar e constantemente procurar a reciclagem. Deixar de ver na universidade apenas motivo para o diploma e valorizar o conhecimento; conhecimento este que pode ser encontrado nos livros, nas conversas produtivas, nos cursos que muitas comunidades oferecem gratuitamente.

2 - E uma postura mais coerente das empresas que podem deixar de apenas falar em capacitação para realmente valorizar aquele que se capacita absorvendo-o em seu rol de colaboradores e dando-lhe oportunidade de desenvolver seu talento na iniciativa privada ; valorizando seus profissionais com treinamento e atualizando-os com o que de melhor pode oferecer a tecnologia, enfim, atuando efetivamente na construção de seres mais capazes que redundará em uma sociedade mais justa e com oportunidade de crescimento à todos.

Esta dobradinha – conscientização de pessoas e empresas – pode sem duvida formar um Brasil com mais qualidade em todos seus aspectos.

Pensemos nisso.

Wellington Balbo
Enviado por Wellington Balbo em 30/10/2006
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