JUSTIÇA???

JUSTIÇA?

Todos, ou quase todos, nos queixamos do modo como funciona a justiça e de como a morosidade, os enredos em que é envolvida e as insuficiências ou a permissividade das leis, limitam os agentes judiciários ou até os impedem de julgar com justiça e equidade.

É sabido como os grandes processos, que envolvem gente com capacidade económica ou influencia política, são arrastados, muitas vezes indefinidamente até à prescrição, ou como são usados todos os estratagemas possíveis e imaginários, para evitar que sejam levados ao fim, enquanto os pequenos delitos são sancionados com uma celeridade doentia e duvidosa apenas porque os “réus” não têm capacidade para contratar um batalhão de advogados de elite, o que é permitido a quem tem dinheiro, gerando-se assim uma injustiça que os responsáveis pela tutela nem sequer admitem ou pensam alterar.

Mas teremos nós razão para nos queixarmos da justiça que é feita pelos agentes que estão de tal tarefa incumbidos?

Seremos nós justos na avaliação que fazemos do outro, que até vive ao nosso lado, que conhecemos, e tantas vezes condenamos, sem provas e sem o ouvir, apenas baseados na palavra de um qualquer boateiro que movido pela maldade ou pela inveja se permite denegrir a imagem alheia?

Não assumimos nós, muitas vezes, em simultâneo, o lugar de acusador público e de juiz, condenando sem provas e sem permitir ao “réu” qualquer argumentação em sua defesa?

Queixamo-nos da justiça que temos e pessoalmente entendo que temos razão, mas essa razão desaparece quando vestimos a toga e nos auto-investimos de poderes de sentenciar como se fossemos uns pequenos reis, donos e senhores da justiça e da verdade.

Podemos conhecer um cidadão há três ou quatro décadas, saber que sempre foi correcto, saber que nunca nos ofendeu, foi sempre nosso amigo, mas basta o veneno (só o bebe quem quer) dum seguidor de Éris, para desencadear o ódio e daí as nefastas consequências que podem resultar: de amigo ser considerado inimigo sem que nada tenha feito para passar de um extremo ao outro.

Seria bom que todos usássemos a língua com moderação e meditássemos nas palavras que ditamos. Zenob dizia:” aonde vais língua? Salvar ou destruir a cidade?”. Na verdade a língua tanto pode fomentar a paz como fazer a guerra, é um rastilho que pode fazer explodir o mundo, mas também tem culpa o ouvido que aceita a maledicência como verdade.

Enquanto houver agentes do mal a semear boatos, mentiras, fabricar intrigas, e quem nisso acredite, nunca haverá paz nas famílias e por arrastamento…no mundo!!!

Alberto Carvalheiras
Enviado por Alberto Carvalheiras em 09/02/2011
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