A CEGUEIRA

PALAVRAS DE VIDA

Pastor Serafim Isidoro.

O CEGO DE JERICÓ

"Senhor, que eu torne a ver..." – Lc. 18.41.

Indubitavelmente, o maior dos infortúnios que possa atingir a raça humana é a cegueira. Ninguém pode realmente aquilatar o que seja viver em trevas. - Como seria nascer sem a visão? Não saber as cores do céu; o brilho das estrelas; a brancura do luar ou a incandescência do sol? A gradação das cores da natureza ou a beleza do sorriso de uma criança? Aguçados os demais sentidos, estes não são suficientes para suprir a falta da visão. Os olhos são as janelas da alma; a percepção da vida. Sem a visão, esta perde grande parte do seu significado.

E o que dizer de pessoas que já usufruíram de todas as suas faculdades físicas e que, por algum infeliz motivo, vieram a perder a visão ocular? Adaptar a alma a essa inesperada e infeliz mudança que coloca tal pessoa em uma prisão sensorial escura, de trevas, não seria tarefa que muitos pudessem suportar. E o que diriam eles acerca de Deus? Acerca da natureza? A quem culpariam por sua desdita? - Conjecturar acerca do que não sabemos ou experimentamos é levar a mente ao devaneio.

Encarando fatos concretos, entretanto, encontramos no Evangelho conforme escreveu Lucas, a história do cego de Jericó narrada em apenas oito versículos. Mendigo. O tormento da escuridão era-lhe acrescido pela falta dos bens materiais. Desafortunado. Para algumas pessoas, tal cego era um miserável. Quando clamou pelo nome Jesus, os aprendizes – mathetês – quiseram silenciá-lo. Tal homem indigno da sociedade não deveria incomodar o Mestre...

Realmente ele havia perdido o que de mais precioso, humanamente falando, se pode ter. Perdera a visão. Já houvera época em que enxergava. Daí a expressão: "que eu torne a ver". Espiritualmente, entretanto, esse cego enxergou aquilo que os judeus e muitos outros não vêem: Jesus é Senhor. Foi com esse título significativo que o cego respondeu ao Mestre que lhe indagara: "Que queres que eu te faça?" - "Senhor, que eu torne a ver".

Duas personagens importantes nesta consideração bíblica: Um homem que não enxerga fisicamente; e um Homem-Deus que estende o benefício do amor aos necessitados e aos que sofrem. O Mestre conclui, após devolver-lhe a vista, que a fé do cego o salvou – sozô – no grego koinê: salvar, curar, libertar de circunstâncias. Ali um homem de fé. Um samaritano renegado pela religião tradicional, pelos judeus e, quem sabe, até pelos aprendizes de Jesus. Mas ele creu. Mais tarde o Senhor diria a Tomé, um dos doze: "Bem-aventurados os que não viram e creram".

Só há um nome que em si mesmo é poder. O único nome dado em cima nos céus e abaixo, na terra: Jesus.

Só Jesus.

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O Pr., Th. D. Honoris Teologia, D. D., Serafim Isidoro oferece seus livros, apostilas e aulas do grego koinê: serafimprdr@ig.com.br

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