Educação é tudo?

O olhar atento sobre a realidade nacional leva qualquer um ao desalento. Isso porque a economia, a política e a cultura, pilares da nação, apresentam dados preocupantes. A injustiça social solapa a saúde da economia. A corrupção sistêmica no mundo da política provoca a indiferença do cidadão. E a cultura, dominada pelos bens da sociedade massificada, termina direcionando as práticas que seriam humanizantes para os trilhos da barbárie e da regressão espiritual.

Para algumas pessoas, quando essas constatações ocorrem, a saída que encontram é o amparo na falsa idéia de que sem educação não conseguiremos mesmo potencializar nossos recursos estruturais para consolidarmos um país digno da condição humana, livre, igualitário e soberano.

A salvação pela educação está na cabeça de muita gente e, sobretudo, na dos políticos, que tratam com ignorância e oportunismo os bens da escolarização. São essas pessoas que defendem a opinião de que fora da educação não haverá desenvolvimento do país, nem as condições necessárias à vivência da plena cidadania.

Mas a educação não pode tanto. Ela poderá, sim, contribuir para que caminhemos rumo à nossa soberania, desde que seja mobilizada em um projeto de nação que também compreenda a participação democrática nos processos de produção e apropriação de bens materiais (econômicos), sociais (políticos) e simbólicos (culturais).

Para quem tem apenas um projeto de poder, e não um projeto de país, fica fácil mistificar o papel da educação escolar no sentido de advogar que sem educação não há salvação. Difícil é reconhecer que ela é limitada.

Em função disso, é chegada a hora do basta aos discursos de que educação é tudo. Se assim fosse, os professores, de todos os níveis, estaríamos ocupando o topo da vergonhosa pirâmide social existente no Brasil.