VOCÊS ESTÃO SENDO ENGANADOS

José Arnaldo Lisboa Martins

Nos últimos anos, as fábricas de automóveis estão chamando os proprietários de carros por elas fabricados, para um tal de “recall”. São chamamentos estranhos e com uma finalidade duvidosa, qual seja, tirar “defeitos inexistentes” que elas dizem, saídos da fábrica. Assim dizendo, elas mesmas demonstram suas irresponsabilidades, numa época na qual a tecnologia está avançadíssima. Além disso, elas não temem o fato de que seus carros possam perder o conceito, com tantos erros de fabricação, além do feitiço se voltar contra o feiticeiro. O chamamento é apelidado de “recall”, nome inglês sofisticado, usado para enganar o povo. Este negócio de “recall” virou moda e está cheirando a chantagem dos fabricantes de carros, contra os proprietários tidos como bobocas, já que os motivos dos chamamentos são os mais ridículos. Eu não sei porque, todas as vezes que ouço o chamamento dos proprietários do “carro A, modelo B, fabricado entre o ano X e o ano Y”, fico com vontade de gritar que “não vá ninguém que é um engodo”. Também, dá vontade de gritar pra todo mundo ouvir que, o “recall” é gratuito, mas, os serviços que os mecânicos arranjam depois dele, é que faz o dinheiro entrar, em milhões de reais, para as concessionárias. Na realidade, é uma pressão emocional que as fábricas fazem a nós proprietários, nos tirando centenas ou milhares de reais e, ainda despertando em nós, o sentimento de culpa, se não atendermos ao insistente apelo. Todo mundo vai na onda do “recall gratuito”, sem se lembrar da estória de que, “esmola grande o cego desconfia”. Por que tantos “defeitos” nos carros saídos das fábricas, sem que os órgãos fiscalizadores punam os culpados ? Ora, os fabricantes, nacionais e internacionais, chamam os proprietários dos carros por eles fabricados, “para irem substituir um parafuso que está embaixo do banco dianteiro do lado direito”. É muita cara de pau ! Um mês depois, outra fábrica chama seus compradores, para um novo “recall”, que é “o aperto de uma porca que fica na maçaneta da porta traseira”. É fazer todo mundo de trouxa. Outro fabricante está fazendo um “recall”, de carros que eles dizem ter saído de fábrica com um “tapete junto ao acelerador que pode escorregar e provocar um acidente”. Um tapete, sim ! Que vergonha ! Um outro está chamando “porque a porca que fica junto ao cinto de segurança do banco traseiro, saiu de fábrica com defeito e pode enferrujar”.

Eu passei numa concessionária para saber se no tal “recall” gratuito, os proprietários deixam dinheiro, por outros serviços. Alguns funcionários riram, como notando que eu tinha descoberto o golpe do “recall”. Certo dia eu soube que estavam sendo chamados 1 milhão e 700 mil carros, só no Brasil e que seriam chamados 2 milhões e 200 mil carros nos Estados Unidos, de uma certa marca, sem falar em centenas de outros países. Vamos analisar o caso do “recall”, só no Brasil. Se estão sendo chamados 1,7 milhão, através dos seus proprietários, para um “recall gratuito”, nestes casos sempre aparecem outros serviços, como trocar o filtro de ar ou de óleo, trocar o mangote do radiador, fazer limpeza do bico injetor, fazer o alinhamento ou o balanceamento do sistema de direção, calibrar os faróis, trocar velas, etc. Vamos dizer que, dos 1,7 milhão, somente em 1,2 milhão de carros sejam feitos tais serviços e que cada um só gaste uns 700 reais, com material e mão-de-obra. Isto quer dizer que ficarão em todas as concessionárias, 840 milhões de reais. Se aqui em Maceió só chegarem 1.000 carros para o “recall” e cada proprietário só gastar 700 reais em serviços inventados pelos mecânicos, entrarão para os cofres da concessionária, a quantia de R$ 700 mil reais. É uma quantia que dá para pagar a folha de pessoal da concessionária, por, aproximadamente, um ano. A Polícia deveria fazer um “recall” para dar uns apertos nos parafusos frouxos de alguns dirigentes de fábricas!

Em tempo- desejo para vocês leitores amigos, um carnaval de muita paz, principalmente, sem “recall”.

José Arnaldo Lisboa Martins
Enviado por José Arnaldo Lisboa Martins em 03/03/2011
Código do texto: T2827109