OS HEROIS DA SUPERAÇÃO

Quando se fala quem são os estudantes que se destacam em Goianésia vêm sempre à cabeça o nome de dois jovens que viraram celebridades: Aurélio Sampaio, vencedor do Soletrando da Rede Globo e, Laura de Paula, campeã internacional do concurso de cartas dos Correios. A cidade deve sim, orgulhar de seus heróis estudantis e até mesmo apontá-los como modelos. Mas há também alguns alunos que são verdadeiros heróis da resistência e seus esforços passam incólume aos olhos da sociedade. Estamos falando dos estudantes que, mesmo sendo portadores de alguma necessidade especial, vão à luta e buscam um lugar ao sol, mesmo que não possam sequer ver a luz do sol. Este é o caso da adolescente Ana Luíza, estudante do Colégio Maria Imaculada. A deficiência visual não foi capaz de tirar dela sua capacidade de enxergar a luz do conhecimento, sendo inclusive referência na sala pelas notas e pelo talento.

Ana Luíza não se intimida pela barreira que a vida lhe impôs e decide que pode fazer tudo que as outras garotas que têm o dom da visão fazem. Com seu livro em braile na carteira, ela acompanha atentamente tanto uma lição de Geografia como um texto complexo da Língua Portuguesa. Não fica para trás de seus colegas. Participa das discussões, opina e faz todas as suas tarefas. Na hora do recreio, de mãos dadas com alguma amiga de sala, sai a passear e conversar com os colegas. Participa de todas as brincadeiras, inclusive, nas aulas de Educação Física, integra normalmente o grupo das meninas do voleibol.

Em todas estas ações, Ana Luíza precisa demonstrar um enorme esforço para compensar a sua deficiência. Agora, há uma área que ela reina soberana e é alvo de tietagem de seus colegas e amigos: a arte. Cantora de extremo talento, conseguiu durante uma apresentação em um evento promovido pela prefeitura municipal, levar parte da seleta platéia às lágrimas, pela perfeição da voz. “Ela tem um dom de Deus para cantar, é um talento impressionante”, se derrete a deputada Mara Naves. Além da música, Ana Luíza também participa do grupo de dança de sua igreja, interagindo de forma espantosa com as outras garotas em todas as coreografias.

Ana Luíza não é apenas um exemplo isolado de estudante portador de necessidade especial que se destaca. A garota Natália, deficiente auditiva, estudante do Colégio José Carrilho, manda bem com os cadernos e também no atletismo, integrando inclusive a equipe que representou Goianésia nos Jogos Estudantis. Outro caso interessante é o da acadêmica do 3° ano de História, na UEG, Lívia Barbosa, que é paraplégica e apresenta muitas dificuldades motoras. Sem condução própria, sua mãe, dona Cleonis, a acompanha todos os dias à faculdade. Além disso uma professora interpreta sua fala. Na época das avaliações, ela faz a prova separada da turma, acompanhada da professora de apoio. E seus resultados são sempre bons, mostra da sua competência e esforço. A UEG parece que não estava muito preparada para receber alguém com estas limitações, já que suas salas de aula são todas no andar de cima e não há elevador ou rampa. Para isso teve que improvisar uma sala embaixo.

* Reportagem publicada na edição de janeiro do jornal Folha do Estudante.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 08/03/2011
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