E o carnaval acabou...



Me desculpem os “carnavaléfilos” mas a sensação de fim de carnaval é boa demais.Pelo menos para mim e creio que para outros milhões de brasileiros.Nunca gostei de generalizações.Sempre as achei burras, rasteiras e injustas.Portanto a máxima “o Brasil é o país do carnaval” nunca foi verdadeira no meu modo de ver.Se não vejamos.Somos quase duzentos milhões de brasileiros.Se pensarmos que do Oiapoque ao Chuí temos cidades e povoados com uma diversidade imensa de cultura e de quantidade de habitantes,vamos perceber que na maioria deles, nem se fala em carnaval.É claro que nos centros mais populosos como São Paulo, Rio, algumas cidades do Nordeste ,do Norte, do Sudeste e do Sul o carnaval arrasta multidões.Mas o que dizer de tantas outras cidadezinhas, de lugarejos, de recantos que recebem milhares de turistas, de pessoas que só querem “fugir” da festa de Momo? Se somarmos todo esse contingente de foliões às avessas vamos comprovar que conceituar o Brasil ao “país do carnaval” é puro reducionismo como tantos outros por aí.Fato é que a festa como manifestação da cultura popular é preciosa, pode ser considerada até como patrimônio da nação, assim como outras festas como a do Boi de Manaus, São João do nordeste, as festas religiosas de Minas e de outras cidades Brasil a fora. Temos uma imensa riqueza de manifestações folclóricas, de arte popular de pura beleza.Durante todo o ano, essas festas acontecem, arrastando multidões, emocionando milhões de pessoas.Agora, quando se diz que o nosso país é do samba e do carnaval, eu digo que é também, é uma parte de um todo rico , pujante em sua índole criativa.A indústria do carnaval aliada ao poder avassalador da mídia tenta incutir na cabeça dos brasileiros e dos estrangeiros que aqui a alegria impera, que a leviandade reina total e absoluta, que não temos problemas pois somos “ a nação do samba, do suor e da cerveja”.É como se um continente inteiro se reduzisse ao sambódromo carioca ou aos trios elétricos da Bahia.Mas somos muito mais do que isso, graças a Deus.
E ainda me atrevo um pouco mais na minha discordância desse reducionismo.Se fizessem uma pesquisa séria sobre o pensamento do brasileiro a respeito do canaval, sobre o que cada pessoa gostaria de fazer nos dias consagrados à folia, creio que o resultado seria, no mínimo, um empate técnico.Milhões diriam que prefeririam “uma rede preguiçosa” pra dormir, ou o aconchego de pequenos lugarejos, ou uma praia tranquila e despovoada.
É claro que os milhões de carnavalescos assumidos têm todo o direito de pular os quatro (ou mais) dias de folia.E é maravilhoso ver o brilho no olhar de quem curte verdadeiramnte o carnaval.Mas, quanto a sermos genuinameente “ o país do carnaval”, tenho minhas dúvidas.

Feliz retorno à normalidade a todos.