O TALIBÃ


Mesmo ainda ocupado com a terrível burocracia de uma campanha eleitoral finda, reservei uns minutos para fazer uma visita a SORVECENTER, local conhecido pelos freqüentadores como “O Talibã”, ponto de ferrenhas discursões políticas, principalmente quando se encontram os admiradores do partido amarelo e do partido vermelho. Lá encontrei os amigos de sempre e a conversa era a mesma; política. Vermelhos em maioria e nutrindo a esperanças de seus candidatos que disputam segundo turno serem vitoriosos. Preferi não fazer parte da euforia das discursões, pois ainda estamos vivendo a efervescência de uma disputa acirrada entre os deputados amarelo e vermelho, cada um querendo ser o majoritário. E ainda pelo fato de alguns dos contendores não entenderem que ser adversário não significa, de forma nenhuma, ser inimigo.

 

Sob os olhares reprovadores do amigo Camilo, pois a turma só conversa e nada compra, a conversa girava, como não podia deixar de ser, sobre o último pleito. De um lado um companheiro há muito tempo desempregado, elogia o Governo por criar milhares de empregos, só que ele não sabe onde para procurar o seu. Mas ele pode esperar, ainda é novo. Outro companheiro, mais exaltado, grita de forma contundente: “o deputado vermelho teve mais votos no Estado que o amarelo. Os votos dele foram dados pelo pai”. Ora! Companheiro. Quantos votos tem esse pai? Pelo que aprendi sobre legislação eleitoral, cada cidadão só tem um título e conseqüentemente um voto apenas. Seja ele amarelo, vermelho ou de qualquer outra cor. Mas, aceitando a colocação do ilustre amigo, me vem à cabeça o seguinte: Quem é o deputado que melhor representa nossa cidade? O amarelo que se elegeu com o voto do povo ou o vermelho que se elegeu com o voto do pai? Curioso isso!

 

Por outro lado, fico a pensar e me corrija quem tiver um melhor juízo. Se um pai consegue dar cinqüenta mil votos a um filho, o deputado amarelo bem que podia pedir cinqüenta mil a seu pai, trinta mil ao seu tio, vinte mil ao seu padrinho e uns quarenta mil ao seu irmão. Juntando tudo isso a cinqüenta mil votos dados pelo povo que aprova a sua conduta e o seu trabalho na Assembléia Legislativa, seria um verdadeiro campeão de votos.

 

Não posso esquecer a intervenção de outro companheiro que afirmava alto e em bom som: Os votos de Vitória na próxima eleição de prefeito serão todos do pai do deputado vermelho. Isso me deixou por demais preocupado, pois, se os votos são dele e ele não pode mais ser candidato, o Município está ameaçado de num futuro bem próximo, passar um longo período sem Governo. Se os votos são todos dele, quem se aventurará a ser candidato? Não terá nenhum voto.

 

Mas, o que me consola, permitam-me a franqueza, é ver que esses companheiros, mesmo que bem intencionados, não têm domínio dos assuntos que se propõem a discutir. Vivemos numa Nação democrática, onde o povo é livre para eleger quem bem entender, como realmente elegeram.


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Texto publicado pelo Jornal A Verdade/outubro 2006

limavitoria
Enviado por limavitoria em 07/11/2006
Reeditado em 07/02/2007
Código do texto: T284178