JANELAS

Janelas em São João Del Rei, pequenos morros sempre com uma igreja em cima, o teatro fica de frente para uma pequena ponte, ou será uma linha de trem? Faz tanto tempo... mas posso lembra do cheiro da grama molhada, do ouro entranhado nas paredes das igrejas, andando um pouquinho temos o cemitério, e lá encontramos o descanso de Tancredo Neves, toquei aquele mármore, e relembrei toda a frustração de uma nação, estava diante de uma parte da história, naquele momento só nos dois, e mentalmente agradeci, são poucos os políticos brasileiros, que tenho vontade de dizer obrigada! Mas para ele eu disse e derramei uma lágrima.

No Grande Hotel da Barra, na Bahia, olhei e vi o mar, tranquilo, suave e lindo! mais a frente pude ver o Farol da Barra, cantei a música dos Novos Baianos, lembrei de Vinicius com sua Tarde em Itapuã, achei muito engraçado nos ônibus, entrar pela frente e saltar por trás.

Em Copa vi o mar, navios a navegar, ondas fortes a quebrar, senti medo do mar nos envadir numa daquelas noites em uma onda gigantescas, não confio no mar, é traiçoeiro como um amante cruel, sabemos dos riscos, mas mesmo assim mergulhamos de cabeça.

Na Urca via da janela do meu quarto a enorme pedra do pão de açúcar, na verdade quase todas as casas e os pequenos prédios da Rua Marechal Cantuária têm a pedra como parte integrante da construção.

Da janela da casa de Ramos, vi um motorista cheirando cocaína, e de madrugada um casal trepando escandalosamente deitados no chão entre uma jardineira e outra. Já vi coisa loucas mas como essa?

Janelas da Colônia Juliano Moreira, vi a loucura ao vivo, senti muito medo, vi pessoas nuas, não por naturismo, ou tesão, mas por não ter mais nada que os ligassem ao real, vi senhores e senhoras me olhando com olhos de crianças, eles diziam: Emilinha do Sítio do Pica pau amarelinho... eu caracterizada de Emília, brinquei de rodas, e outras brincadeiras que na hora me permiti fazer para agradá-los.

Pela primeira vez na vida me vi diante da verdadeira loucura. Não gostei.

Janela que dava pra uma comunidade em guerra, vi homens e mulheres armados, senti medo também.

Janelas de um certo apt. nas Laranjeiras, tinha arte no ar, um santuário,, tintas, telas, escultura, partituras, violoncelo, música brasileira no rádio, avental sujo de tinta, cheiro de felicidade.

Janela em Bento Ribeiro, ônibus que bate em poste de luz, que coisa horrível o gritar de terror dos passageiros!!!Ninguém morreu, mas que susto nos deu!

Janelas dos hotels, Ruas sem nomes, pessoas sem rosto a passar, cheiro de chuva no ar, novidades, gente a se drogar, jovens bonitos, filhos de autoridades, educados e perdidos com sua drogas e suas festas sem fim...

Janela do palco, refletor a nos cegar, no máximo se ver a primeira platéia, mas sentimos toda a vibração e a reação de todos, as vezes as luzes nos deixa ver todos, sua expressão, seu sorriso e até sua dor. As vezes o diretor nos deixa pular essa janela e encenar no meio da platéia, ai é como sexo, interação perfeita... AMO REPRESENTAR! é como crescer de dentro para fora, parir outro alguém por algumas horas.

Essas janelas maravilhosas, que só eu as vi com esse olhar de ver mais além.