EDUCAÇÃO LIBERTÁRIA

Para haver uma educação infantil de qualidade e bem sucedida, a curto e a longo prazo, é necessário que, além de preocupar-se em matricular a criança em boas escolas e oferecer uma ótima estrutura de moradia, lazer, alimentação e saúde, a estrutura familiar esteja em harmonia com tudo o que está sendo proporcionado a esta criança. Ou seja, há a necessidade que a educação se extenda da educação infantil para a educação familiar. Pois há uma troca de aprendizado mútua ao educar uma criança.

Na relação com cada uma, o adulto, no caso o pai ou a mãe, estará colocando em prática de forma única de cada vivência, seus valores e repertórios de vida, e colaborará para a formação desta criança. Durante este processo há uma reciclagem, na maioria das vezes, não percebida, de tudo que este adulto já aprendeu, viveu e está convicto de que pode passar adiante.

Refletir constantemente sobre cada vivência e experiência diária desta relação é o que vai possibilitar a reciclagem, a reeducação do indivíduo e a educação familiar. Uma condição de dialética na comunicação verbal e não-verbal entre pais e filhos desde o nascimento destes.

A maior dificuldade é fazer com que as pessoas compreendam este ciclo sem fim de educação, onde tudo é sempre novo. Pois há uma tendência a um comportamento, originado e alimentado pelo próprio sistema social, de que quando somos pais, temos a possibilidade de perpetuar a espécie. Assim, inúmeras falhas humanas, vícios, valores sociais e humanos, condutas éticas e também qualidades são orgulhosamente transferidas (um orgulho cego e narcisista) aos filhos através de diversas formas, até mesmo as inconscientes.

Limitam-se à própria transformação, quando não permitem o deslocamento das suas posições no mundo diante de suas dificuldades e situações. Estão fechados a receber aprendizado, porque acreditam que por serem pais, são os provedores do conhecimento que deve ser aprendido. Parece uma certa proteção ou ilusão de possuir desta forma, a razão do o que é certo, do que deve ser seguido e obedecido, sem que haja erros. O que leva seus filhos a seguirem as suas escolhas, quando deveriam orientá-los em como fazer boas escolhas para si mesmos.

Problematizar as experiências diárias e incentivar a criança ao questionamento de seus atos, pela responsabilidade de suas conseqüências, desde o início de qualquer situação é uma oportunidade, aos pais, de também problematizarem o próprio momento presente em que vivem; a experiência em colaborar para a formação de um indivíduo e evoluir como ser humano passo a passo, evento a evento.

E como despertar essa consciência não somente nos pais, mas também em qualquer ser humano? Basta alguém identificar esta carência tanto na família como no indivíduo, ou qualquer outro comportamento, adulto ou infantil, que esteja impossibilitando a harmonia entre a qualidade da educação e da vida familiar, ou simplesmente a ausência destas. E assim, tornar-se um agente social.

Pode ser qualquer pessoa ou profissional, desde um comunicador, pedagogo, empresário, até mesmo um assistente social ou alguém interessado em colaborar com a sociedade. O importante é estar bem-intencionado e ter uma proposta viável e interessante, com fundamentação, critérios e objetivos.

Para aplicá-la não há a necessidade de você ter como foco inúmeras pessoas. Pode ser com você mesmo, na sua própria casa, com a sua família, um grupo de amigos, alguma escola, muitas escolas, um bairro ou uma comunidade. Não importa o local, meio ou veículo e nem mesmo o método. A preocupação deve ser a funcionalidade e a eficiência da sua iniciativa.