SUA EXCELÊNCIA, O ASSALTANTE

José Arnaldo Lisboa Martins

Quando eu era pequeno, não sabia o que era ser “um homem de bem”, embora vivesse num lar que vinha servindo de “escola”, com papai e mamãe me ensinando tudo que seria preciso para me tornar um dos “homens de bem”. . Deixei de urinar na cama, fiz a primeira comunhão e anos depois começou a nascer um bigodinho que, me deu um aspecto de maior virilidade juvenil. Num certo dia, eu ouvi um cidadão honesto, de respeito e de vergonha, dizer a papai e a mamãe, que eles tinham um filho que era “um homem de bem” e apontou para mim. Vi lágrimas escorreram pelas faces daqueles dois maravilhosos pais. Quando eles faleceram, eu disse baixinho a cada um, junto aos seus caixões funerários, que eu muito agradecia por tudo que eles fizeram por mim. Ai foi eu que chorei! Hoje, alguns amigos dizem que eu sou “um homem de bem”, mas, não posso ter em casa uma arma para defender minha família. Tenho que esperar ser assaltado, como já fui, quando entraram 4 assaltantes na minha casa, levando carro, whisky, computador, jóias e alguns trocados. As autoridades que deveriam nos proteger, se protegem com seus capangas e seguranças e o resto que “vá tudo pra pu........que os pariu”.

Certa vez, eu li a biografia do filósofo grego, Diógenes de Sínope, e desejei que ele ressuscitasse e passasse alguns dias em Brasília, para repetir o que ele fez em Atenas, saindo às ruas, em plena luz do sol, com uma lamparina, procurando “um homem de bem”. Nos dias atuais, Diógenes encontraria pouquíssimos, dentre os que enganam o povo com a cantilena do desarmamento. Sua lamparina iria gastar todo azeite, antes de encontrar um, dentre os demagogos que fingem trabalhar na Praça dos Três Poderes. Recentemente, depois da carnificina do Rio de Janeiro, quando foram assassinadas 12 crianças, muitos dos políticos com seus picadeiros em Brasília, passaram a dizer que está na hora de mudar o Estatuto do Desarmamento, como se todos os psicopatas andassem armados e planejassem novamente invadir escolas, para assassinar crianças. Muitos destes salvadores da pátria, acharam que o Governo comprando os revólveres dos homens de bem, por 100 reais, os crimes cessariam. Foram eles, portanto, que tiraram as armas dos pais de família e as deram aos assaltantes. Agora, querem dar porte de arma aos policiais, vigias, seguranças de políticos, vigilantes de buates e de supermercados, como se dentre eles, não tivesse ninguém capaz de usar suas armas para matar estudantes e, também, assaltar. Eu soube de uma reunião de políticos com assaltantes e que um assaltante pediu a palavra, levantou-se e disse em voz alta: Se vocês políticos fizerem uma nova campanha para o desarmamento dos “homens de bem”, nós estaremos dispostos a financiar as suas campanhas. O cara foi aplaudido de pé!

Com a violência insuportável, o Governo deveria dar uma arma a cada pai de família e a cada cidadão de bem, para suas defesas pessoais, já que não conseguem prender os assaltantes. Estes sabem que suas vítimas foram desarmadas pelo Governo e estão nos restaurantes, nos supermercados, nos shoppings, nas ruas e em suas próprias casas! Querem fazer um plebiscito, novamente, o qual será uma grande papagaiada!

FINAL - Parabenizo nosso confrade e amigo, Jorge Oliveira, que além de cineasta e jornalista é o grande escritor do livro “Curral da Morte”! Livro arretado !

José Arnaldo Lisboa Martins
Enviado por José Arnaldo Lisboa Martins em 14/04/2011
Código do texto: T2909376