O fim do mundo

João, o Evangelista, exilado na ilha de Patmos, recebe de Jesus Cristo a “revelação das coisas que devem acontecer muito em breve”. Segue-se uma sucessão de visões de acontecimentos numa descrição espetacular que ainda hoje inquieta. O Apocalipse, último livro Novo Testamento, excita imaginações e sempre levou grande número de pessoas a proclamar o fim do mundo a cada mudança de século. Apocalípticos de todos os matizes apregoam o fim do mundo material, carregado de dores e sofrimentos indizíveis, onde apenas um pequeno número de eleitos do Senhor conseguirá a salvação.

A tradição profética é uma herança dos judeus cativos no Egito antigo, que a receberam dos Assírios e Caldeus. João conserva essa tradição em seu texto repleto de simbolismo e beleza, antecipando o destino da humanidade. Os homens precisavam de uma imagem forte, carregada nas cores, para que a mensagem reveladora pudesse sobreviver aos séculos, até que o nível de compreensão fosse atingido.

Allan Kardec inaugura, com a edição de O Livro dos Espíritos em 1857, a Era do Espírito para a humanidade; em que as palavras do Cristo retomariam o seu sentido original, com as interpretações dos Espíritos Superiores. A Doutrina Espírita ganharia corpo com a posterior publicação de O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns, O Céu e o Inferno e A Gênese, enfeixando conhecimentos da Terceira Revelação de Deus aos homens.

O fim do mundo é um tema abordado por Allan Kardec, na melhor tradição profética, em Obras Póstumas, livro pouco estudado nos meios espíritas. Encontraremos várias mensagens que tratam de acontecimentos do final dos tempos, com uma visão clara dos eventos, ditados por espíritos de elevada sabedoria.

Na segunda parte de Obras Póstumas, das previsões concernentes ao Espiritismo, Kardec apresenta mensagens dos Espíritos relativas ao fim do mundo, que assim nos esclarecem: “Certamente, não tendes a temer nem dilúvio, nem abrasamento de vosso planeta, nem outras coisas desse gênero, porque não se pode dar o nome de cataclismo a perturbações locais que não se produziriam em todas as épocas. Não haverá senão cataclismo moral, de que os homens serão os instrumentos” (Grifo nosso). Portanto, o planeta não sofrerá a destruição que, de uma hora pra outra, dizimaria toda a humanidade, evento terrível tão ao gosto dos milenaristas e catastróficos de plantão.

A Terra sempre passou por modificações físicas, que são Leis Naturais e devemos entender tais leis como processos evolutivos em curso há bilhões de anos. “Não é, pois, o fim do mundo material que se prepara, mas o fim do mundo moral; é o velho mundo, o mundo dos preconceitos, do egoísmo, do orgulho, e do fanatismo que desaba; cada dia leva-lhes alguns resíduos.(...) O reino do bem deve nela suceder ao reino do mal.”

Vivemos atualmente os tempos preditos e assistimos ao desmoronar do velho mundo. Os espíritos endurecidos no mal cedem, a pouco e pouco, espaço a reencarnações de seres mais evoluídos. Ainda em Obras Póstumas, encontramos: “Numa criança que nasça, em lugar de um espírito atrasado e levado ao mal, que nela estaria encarnado, será um espírito mais avançado e levado ao bem”. Observemos nossas crianças e identifiquemos os caracteres de elevação que trazem ao nascer: por suas inteligências precoces; pelo sentimento natural do bem e do belo; pelas intuições e acentuada espiritualidade, será fácil identificar a que categoria pertencem: categoria dos espíritos adiantados que transformarão a Terra em planeta regenerado.

Asseveram os Instrutores do Mundo Maior que, ao lado dos acontecimentos infelizes, presenciaremos mudanças individuais e coletivas que marcarão o início de um novo tempo. Essas mudanças já podem ser observadas na fraternidade que põe seus fundamentos em todos os cantos do planeta; preconceitos de raça e credo religioso estão sendo extinguidos; o fanatismo e a intolerância estão cedendo terreno à fé raciocinada e ao ecumenismo; a liberdade de consciência introduz-se nos costumes dos povos e torna-se um direito inalienável; unidade e uniformidade que predispõem à fraternidade; Ciência e Religião unindo-se para equacionar os enigmas do homem trazendo-lhe a luz do conhecimento e o consolo da fé.

“E, dos quatro cantos do globo, logo os sábios oficiais, vão ouvir, com pavor, jovens imberbes, que virão, numa linguagem profunda, retorquir seus argumentos, que acreditavam irrefutáveis. (...) mas ainda muitos dentre eles gozarão desse estado particular, privilégio das almas grandes, como Jesus, que dá o poder de curar e de fazer maravilhas, reputados milagres.”

O futuro já nos acena, glorioso, para as mudanças que deveremos efetuar em nós mesmos, para que se cumpram as promessas de Jesus de Bem-aventurança aos que herdarão a Terra regenerada.

Façamos a nossa parte amando-nos e instruindo-nos.

Paulo Fernandes Moura

é trabalhador do C.E Bezerra de Menezes. Diretor do ESDE, monitor do Principiante Espírita e dirigente do Grupo de Estudo e Educação da Mediunidade Francisco de Assis

Roberto F Storti
Enviado por Roberto F Storti em 25/04/2011
Reeditado em 27/01/2015
Código do texto: T2930344
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