O “BRANCO” BOLSONARO E A “PRETA” GIL

Quando eu penso no Deputado Jair Bolsonaro ou assisto a algum trecho de qualquer pronunciamento dele, o que vejo é uma figura “quixotesca”, desorientada da realidade atual e desgarrada de uma direita outrora poderosa e prepotente, que fez o que fez neste país, sob a proteção do verde oliva e de outras fardas. Portanto, não nutro por sua figura patética nenhuma espécie de simpatia.

Contudo, no recente episódio em que se envolveu com a Preta Gil, eu me colocaria ao lado dele, porque acho que a mídia e as bases de sustentação do governo estão fazendo disto um verdadeiro carnaval, com um duplo objetivo: atacar o Bolsonaro, que tem sido, nos últimos anos, uma espécie de "espinho de garganta" no Congresso e explorar o sempre politicamente lucrativo filão, que é a defesa dos negros e homossexuais. Então, para este propósito, a filha do ex-ministro Gilberto Gil foi um achado!

Esclareço, em princípio, que nada tenho contra a igualdade entre todas as raças e não, apenas, entre as duas predominantes na composição da etnia brasileira — afro-descendentes e euro-descendentes — quando se trata de direitos e deveres de cidadania. Da mesma forma como, ainda que possam ser divergentes da minha, não concebo que ninguém seja hostilizado ou segregado por suas opções sexuais. O que não me agrada são os exageros em relação a isto, o extremismo do “politicamente correto” de que todos parecem estar acometidos, de uns tempos para cá e que tem sido utilizado para ameaçar as pessoas no seu mais elementar direito de expressar a própria opinião.

Mas retomando a questão que envolveu o “branco” Bolsonaro e a “preta” Gil, quem tiver um pouco de discernimento e não se deixar levar pela instigação da mídia e pelo oportunismo de determinados parlamentares, ávidos de expurgarem o deputado do Congresso e de lhe retirarem o microfone das imunidades, não terá dificuldade em compreender algumas coisas:

A primeira delas é que o deputado Bolsonaro é um mau orador! Usa mal as palavras e tropeça nelas em seus pronunciamentos, como qualquer telespectador ou internauta mais atento pode perceber, assistindo às suas lamentáveis participações no chamado “pinga-fogo” das não menos lamentáveis sessões da Câmara Federal.

A segunda, é que não cai muito bem à filha do compositor Gilberto Gil o papel de virgem ofendida pela palavra “promiscuidade” — mal escolhida pelo seu interlocutor naquela ocasião — porque ela sim, durante vários dos seus shows, inclusive ao lado do próprio pai, já se disse, propôs e sugeriu coisas absolutamente promíscuas, para uma platéia composta, inclusive, por um grande numero de adolescentes, menores de idade. Quem quiser ter uma idéia sobre isto, que assista independente dos comentários iniciais do vídeo (que considero tolos), em http://www.youtube.com/watch?gl=BR&v=srhuKRByf10.

São declarações, propostas e gracejos chulos, manifestações explícitas de sua própria promiscuidade. Tão grotescos, de tão baixo nível, que eu não os repetirei aqui. Porque, se o fizesse, colocaria este artigo num nível muito abaixo do que pretendo. Mas se alguém se animar a tanto, que assista ao vídeo e tire suas próprias conclusões. E a cantora vem dizer-se agredida pelas palavras do tosco deputado?

Tenham paciência! E tenham paciência também aqueles parlamentares da base de sustentação do governo, que estão procurando aproveitar-se disto para fazer proselitismo com o tropeção de um e os ares de ofendida da outra, como se por trás de tudo estivessem as grandes raízes dos problemas da discriminação racial e da homofobia no Brasil.

A população deste país e o seu eleitorado seriam mais favorecidos, se, ao contrário, naquela Casa Legislativa, os seus membros não se metessem em escândalos e casos de corrupção, de enriquecimento ilícito, no aumento exacerbado dos próprios salários, que a nenhum deles parece constranger, enquanto discutem se concedem mais ou menos dez reais, ao novo salário mínimo.

Mas o eleitor, apesar de tudo, de toda essa bandalheira que vem a público, ainda reelege as mesmas pessoas. Então, não parece tão surpreendente que o país esteja a discutir o pudor da Preta Gil... Era só o que nos faltava!