Receitas para a felicidade

Ao ler o enunciado desse artigo o leitor poderá me considerar pretensioso por querer lhe dar receitas para a felicidade. Afinal, como somos universo tão distinto um do outro, a tão propagada felicidade não é receita de bolo, algo universal e que se encaixa à todos.

No entanto, faço o convite ao leitor para que continue a ler essas singelas linhas.

O pesquisador americano Martin Seligman, um dos grandes nomes da psicologia positiva, conhecido como Doutor Felicidade, diz que a felicidade está baseada em três fatores: Prazer, engajamento e...

Trabalhar no que gosta, comer um chocolate, estar ao lado de amigos, trocar juras de amor, praticar esportes, ler, escrever, a lista é infinita. Esses acontecimentos estão ligados ao prazer, que sem duvida, aumenta nossos níveis de felicidade. Quando estamos conectados ao que nos dá satisfação, as horas escoam céleres, a vida se torna mais agradável, bela, convidativa...

No entanto, esse é apenas um dos pilares da felicidade, que certamente nos proporciona momentos felizes, todavia, são momentos transitórios e que vão embora, por isso, quando nossa felicidade se apóia apenas nesse pilar do prazer, ela tende a ter início e fim.

Impossível não questionar:

E o dinheiro, traz felicidade?

Essa questão também foi estudada por Seligman, que após pesquisas com pessoas ganhadoras de gordos prêmios na loteria, constatou que de início, empolgadas com o ganho, tiveram um aumento nos níveis de felicidade, porém, após alguns meses esses padrões de felicidade voltaram aos níveis de antes. Isto se aplica também a acontecimentos desastrosos, os níveis de felicidade de pessoas que sofreram reveses abaixam, no entanto, com o passar do tempo, tendem a voltar aos padrões anteriores.

O engajamento é outro fator importante para o aumento dos níveis de felicidade porque faz participar da vida, pessoas que estão integradas em atividades diversas, fazem mais amizades, são mais criativas, encaram as dificuldades de forma mais positiva, o que gera um aumento nos níveis de felicidade.

A felicidade está correlacionada a participação, jamais a omissão, por isso, quanto mais engajada, entusiasmada com a vida, maior e mais duradouro os níveis de felicidade daquela pessoa.

Existem pessoas onde parece abundar a vida, estão sempre dispostas, prontas a arregaçar as mangas e se envolver com projetos edificantes, essas são mais felizes, mais dispostas, ao passo que, também há pessoas que levam existência apática, onde parece haver força apenas para as atividades básicas como acordar, trabalhar, se alimentar e dormir, essas levam existência cansativa, enfadonha, falta-lhes engajamento.

Discorremos então sobre apenas dois dos pilares da felicidade – Prazer e engajamento – falta um e é o mais importante: Significado.

Sim, caro leitor, precisamos de um significado para nossa existência. De onde viemos? O que fazemos aqui? Para onde vamos?

Como encontrar a felicidade sem saber o significado da vida?

Por isso muita infelicidade no mundo, pessoas transitam pela Terra sem saber as razões, viajam por aqui sem saber onde querem chegar, por isso, experimenta-se apenas momentos de felicidade, baseado em prazeres imediatos.

Mas esses momentos se findam e a felicidade se finda junto com eles.

É necessário encontrar um Significado, algo mais concreto, que sobreviva as intempéries existenciais.

Encontrar um significado para a existência é achar a felicidade duradoura, que não se extingue com o término de projetos ou de atividades, a felicidade duradoura não se esvai quando se confronta com provações, nem se intimida quando dificuldades se agigantam.

Assim como Seligman, Kardec também foi estudioso da alma humana, responsável por descortinar novos horizontes à humanidade, codificou a Doutrina Espírita, esse manancial de bênçãos, que nos explica de onde viemos, para onde vamos e o que fazemos aqui.

Dando um significado existencial, mostrando que somos seres imortais, que as agruras são passageiras, que apesar dos percalços a vida prossegue , e que inevitavelmente estamos fadados ao progresso.

Quando Kardec cunhou a frase: “Fora da caridade não há salvação”, tratou de unir todas as religiões, melhor, todas as pessoas em torno de um Significado para a existência: A caridade, o bem coletivo, ou seja, nossa felicidade está intimamente ligada a felicidade do próximo.

Como ser feliz em plenitude se meus irmãos de caminhada experimentam privações, sofrimentos e dores?

Fora da caridade não há salvação!

Mensagem de cunho universal, por isso, não tenho a pretensão de convencer você caro leitor a tornar-se espírita, mas faço-te o convite para que conheça a Doutrina Espírita, e veja seus postulados, o que afirmo, não implica que tenha de abandonar sua religião, nada disso, porém, conhecer novos conceitos fazem bem e enriquecem a alma.

Aproveito o ensejo e deixo uma dica ao leitor, consulte em “O livro dos Espíritos” a Quarta Parte, Capítulo I, onde Kardec e os Espíritos amigos tratam das esperanças e consolações, veja a questão de nº 920 e suas subseqüentes, lá estão contidas belas abordagens sobre a questão referente a felicidade.

Fora da Caridade não há salvação! Pesquisas apontam que um dos melhores meios de se aumentar os níveis de felicidade é Servir ao próximo. Fora da caridade não há salvação, não há felicidade! Atirar-se ao trabalho do semelhante produz inenarráveis benefícios, dentre eles o de quebrar as algemas do egoísmo que nos impedem de flutuar rumo a uma felicidade duradoura.

Observe o amigo leitor que Prazer e engajamento acabam inevitavelmente por desembocar no Significado.

Dia chegará em que será um prazer poder estar engajado em um trabalho que vise o progresso coletivo, por conseqüência o individual, eis então, a Receita para a Felicidade, uma felicidade duradoura, concreta, livre, baseada no tripé: Prazer, engajamento, significado.

Pensemos nisso!

Wellington Balbo
Enviado por Wellington Balbo em 25/11/2006
Código do texto: T301173