Ensino Religioso não é Religião

“Religião é um romance com a existência”, dizia o místico indiano Osho que foi expulso de 21 países por seu jeito irreverente de ver o mundo e a religião. Portanto, se a religião é esse romance com a Existência – que alguns podem chamar de Natureza, Deus, Vida..., então, o que conhecemos como “religião”, na verdade são crenças religiosas.

Crenças religiosas revelam a cultura de um povo com suas experiências com um Ser Supremo que lhe engrandece a alma, o ser, a existência. Essa experiência deve ser ensinada no seio da família e de uma determinada denominação religiosa.

Etimologicamente, “ensinar” significa “dar conhecimento, instruir...” Sendo assim, acredito que a disciplina Ensino Religioso deveria ser ensinada nas escolas, inclusive públicas da mesma forma que se ensina História – antiga, medieval, moderna e contemporânea. O que faria parte dessa disciplina? História das religiões antigas e atuais, suas experiências e vivência acerca dos grandes temas da vida, como valores, comportamento e conquistas científicas.

Pouca gente sabe que o monoteísmo surgiu no Egito Antigo e que Moisés – o grande mestre do Judaísmo – foi criado pelos egípcios. Com Moises é que surge o Livro Sagrado dos Judeus, o Torá. Esses mesmos livros são os primeiros livros da Bíblia Sagrada Cristã – a coleção chamada Pentateuco (cinco) que fundamentam o Cristianismo. Portanto, aqui já estamos falando de três religiões: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.

Ainda, quando se fala em religião cristã, dever-se-ia falar em todas as denominações cristãs que acreditam no Deus de Jesus Cristo e que expressam sua fé em Igrejas diferentes, tais como: Católica, Luterana, Metodista, Anglicana e todas as Evangélicas.

Muitas pessoas ainda não encontraram a religião ideal para si mas gostariam de encontrar. Outras estão buscando, mas não sabem o quê nem como buscar. Há quem não busque porque têm medo do preconceito. Se houvesse o Ensino Religioso nas escolas para mostrar a variedade de formas de se fazer uma busca espiritual, certamente, muitos teriam consciência, em primeiro lugar de si mesmos, e poderiam aprofundar sua fé e compromisso com a existência, fazendo opção pela religião.

Ao meu ver, a polêmica que a mídia vem fazendo questão de frisar, não está na inserção dessa disciplina como obrigatória, mas na formação dos docentes para essa área. O cuidado deveria partir do currículo de formação do profissional, que não deveria ser formada em Teologia Cristã apenas, como vêm acontecendo na maioria dos casos em que já é lecionada a disciplina. Esse currículo deveria passar pela história das grandes religiões, passar pelas religiões africanas e americanas. Budismo, Hinduísmo, Hassidismo, Taoísmo, Cristianismo, Judaísmo, Islamismo... nenhum estudante deveria ser privado dessa experiência.

Antonia Alves é ex-freira católica com experiência na disciplina de Ensino Religioso em escolas particulares (confessionais) e públicas; e em diálogo religioso com outras denominações religiosas.