1.5 Liberação das drogas e a vontade na lei de thelema.

Pensamento de um thelemista ao falar sobre drogas:

"Caros, a droga serve como atalho, um auxílio pra deixar a vontade mais clara. Com o tempo o iniciado deve se perguntar quem está usando quem: ele está usando a droga ou a droga usando ele. Basicamente isso. A verdadeira vontade está além de tudo ".

"A verdadeira vontade está além de tudo":

Por este pensamento se reconhece um adepto da Lei de Thelema, mandamento assim formulado: FAZES O QUE QUERES: ISSO HÁ DE SER O FUNDAMENTO TODO DA LEI.

O que isso quer dizer? Ou como foi que esta frase se tornou a chave de toda uma filosofia ou religião - com raízes que chegam às divindades do Egito Antigo, até os roqueiros de hoje - caminho onde dialogou também com os movimentos de Contra Cultura e Nova Era.

FAZES O QUE QUERES: ISSO HÁ DE SER O FUNDAMENTO TODO DA LEI

Frase que convida o telemista a descobrir a Verdadeira Vontade e em seguida passar a persegui-la; deixando que assim cada um faça seus únicos e próprios caminhos.

Para se entender melhor o porquê disso, aqui se tem o segundo ponto ponto cardeal da Thelema: "Todo homem e toda mulher é uma estrela".

O significado disso é que cada indivíduo é único e têm seus próprios caminhos, em um universo espaçoso onde eles podem mover-se livremente, sem colisão.

Por isso a Lei de Thelema determina que cada pessoa siga sua Verdadeira Vontade para alcançar satisfação na vida, e também liberdade sem restrições, pois nesta cosmologia o mundo foi feito para isso.

Desta maneira duas Verdadeiras Vontades não podem estar em real conflito (de acordo com "Todo homem e toda mulher é uma estrela"), porque esta segunda lei também proíbe alguém de interferir na Verdadeira Vontade de qualquer outra pessoa.

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Defensores da liberação das drogas que juntam os princípios da Lei de Telhema ao discurso humanista, para realçar o valor intocável que a liberdade individual deve ter.

Embora a noção completa da absoluta liberdade se deva entender pelos ensinamentos da Thelema: filosofia que diz que a principal tarefa de um indivíduo que inicia o caminho de Thelema é primeiro descobrir sua Verdadeira Vontade, através de métodos de auto-exploração e até magia. E porque não experiências extrasensoriais: ou não foi isso o que tanto apaixonou a geração sexo drogas e rock and roll?

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Uma das mais primeiras menções a filosofia da Thelema ocorre no clássico Gargantua e Pantagruel escrito por Francois Rabelais, em 1532, monge franciscano chamado de pai da Thelema.

Um episódio desta aventura épica conta da fundação da "Abadia de Thelema": como uma instituição para o cultivo das virtudes humanas, que Rabelais identificou como sendo oposta às cristãs. A única regra da Abadia de Thelema era: "Faze o que tu queres há de ser toda a Lei".

Esta uma das crenças básicas da filosofia Thelemica hoje: seguir o seu livre arbítrio, e se tornar inteiramente responsável por suas ações e existência, sem ser absolvido ou culpado por nenhum Deus ou Diabo no que tange o destino de sua própria vida.

Enquanto o livre-arbítrio cristão coloca a responsabilidade dos atos do homem frente ao julgamento divino, já no pensamento thelêmico todo ato é sempre bom se estiver em conformidade com sua Vontade.

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(origem metafísica do relativismo)

Pode-se considerar que a Thelema visa fundir Ética e Moral, tornando ambas relativas. Caminho da vontade por onde o homem se torna deus. Assim o thelemita teria o direito de encontrar seus próprios valores de conduta, que serão sempre relativos, podendo assim exercer seus atos sempre de acordo com sua Vontade inata.

O telemista seria um co-criador do Universo e do seu meio social, subindo assim na escala hierárquica do próprio existir.

É nesse sentido que é compreendida a Ética thelêmica: uma diminuição das faculdades racionais, visando a naturalização do agir, compreendendo a dimensão inconsciente destes atos como sendo parte da potência da existência individual.

Continua a lei de Thelema:

Toda Verdadeira Vontade é diferente, e por isso cada pessoa tem um único ponto de vista do universo, ninguém pode determinar a Verdadeira Vontade para outra pessoa.

Cada pessoa deve chegar a descobrir a sua vontade por ela própria. O resultado disso, segundo os thelemistas, é um profundo respeito a si próprio, à cada indivíduo e à cada forma de vida, como sendo expressões particulares do Divino.

Dizem os thelemitas que ao realizar esta vontade estamos nos integramos perfeitamente à nossa Natureza, que reflete a ordem do Universo.

Thelemistas que reinterpretam até os evangelhos, ao dizerem que Thelema ("Télêma") é uma palavra incomum no Grego Clássico, significando o desejo, mesmo o sexual.

Assim dão outros significados a versículos e ensinos chave do cristianismo: na oração do Pai Nosso, por exemplo, em "Venha a nós o Vosso reino, seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu;" (Mateus 6:10), dirão que o sentido original de "vontade" é o desejo. Também em Mt 26:37, quando Jesus diz a Deus: "faça-se a Tua vontade". O mesmo fazem em relação a Santo Agostinho, em um sermão do Séc. V d.C., quando ele utiliza a frase "dilige et quod vis fac" ("ama e faze o que tu queres").

Evidentemente distorcem os significados, porque na versão da Bíblia "vontade" é uma usual referência à vontade de Deus.

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O que isso tem a ver com esse debate de hoje sobre liberação das drogas?

Ajuda a entender como muitos dos argumentos dos que são a favor, e pregam o respeito irrestrito à liberdade individual, tem raízes neste retrospecto histórico, filosófico e espiritualista.

Colocada a Vontade como centro de todo seu sistema espiritual, Crowley conclui que “não há deus senão o homem” . Dessa maneira o cristianismo e a moral por ele empregada não respeitaria à condição natural do homem, que é justamente tornar-se um deus ao invés de simplesmente adorar cegamente a um.

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Há muito de um anti-cristo nietzscheano aqui, e não é por acaso que Crowley, grande fã de Nietzsche, adotava como motto “A Grande Besta do Apocalipse”, inspirado no Apocalipse de João, livro bíblico predileto de Crowley, que se identificava com a figura da Besta como símbolo de questionamento e iluminação.

Crowley que desenvolveu sua filosofia psicografando, através da mediunidade da sua mulher, os ensinamentos que um deus egípcio ditava.

Cine Astor
Enviado por Cine Astor em 16/06/2011
Reeditado em 17/01/2016
Código do texto: T3038894
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