Achados e perdidos

ACHADOS E PERDIDOS

O fato de perder e achar pessoas e coisas é uma constante na vida humana. Estamos sempre perdendo e sempre encontrando objetos, sentidos de vida e também pessoas. A perda e o reencontro andam juntas e fazem parte da história dos seres humanos.

Como é gostoso, por exemplo, achar uma nota de cem reais no bolso de um casaco que a gente não usava desde o ano passado... O quanto nos alegra reaver, no meio da bagunça de nossos armários, um livro antigo e muito interessante, que julgávamos perdido ou extraviado... Quão salutar é tornar a encontrar, depois de muitos anos, um amigo querido que não sabíamos por onde andava...

Há perdas que são definitivas, assim como reencontros que marcam de alegria indelevelmente nossas vidas. Há achados e perdidos que são fruto das circunstâncias, simples e superficiais, mas há outros que calam de forma profunda em nossa existência. O reencontro de uma pessoa ou objeto reforça a necessidade de não mais repetirmos os motivos que ensejaram a perda.

As perdas que acontecem por causa da morte, por exemplo, não têm solução aparente e só podem ser minoradas pelo consolo que a fé no reencontro dá a quem ficou por aqui. Nessas perdas, quanto maior o afeto dedicado à pessoa que se foi, maior a dor e a saudade. Essa sensação de perda nos domina. Em muitos casos são sentimentos que nos corroem por toda a vida e cuja compensação só podemos buscar no sobrenatural.

De qualquer forma, a recuperação de coisas perdidas sempre nos traz uma ponderável parcela de alegria, compensando a tristeza da perda que alimentamos por algum tempo. Essa dialética perder e achar, bem e mal, luz e sombras faz parte de nossa vida de forma constante. Estamos sempre perdendo e encontrando...

Às vezes encontramos a falsidade se opondo à verdade: A falsidade tem uma infinidade de combinações, mas a verdade só tem um modo de ser. De outro lado, vem o altruísmo funcionando como um achado diante das perdas que o egoísmo nos inflige. O altruísmo não é sinônimo de solidariedade como muitos pensam. Ele possui um sentido muito mais amplo. É um conceito que se opõe ao egoísmo. Enquanto virtude, altruísmo é a atitude de viver para o alter, o outro. Para que uma pessoa seja altruísta precisa dominar os instintos egoístas, que existem naturalmente em todo o ser humano, fazendo emergir as inclinações benévolas, que também estão sempre presentes.

Assim como nos aeroportos e nas estações ferroviárias, a existência humana deveria ter uma seção de “achados e perdidos” para que pudéssemos encontrar valores, ilusões, sonhos, esperanças e projetos que perdemos pela vida afora...