PERSONAGEM DO MÊS RUI BARBOSA

Nasceu em Salvador, Bahia, em 5 de novembro de 1849 e faleceu em Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro, em 1º de março de 1923. Bacharelou-se em Direito em São Paulo – 1870.

Político, jurisconsulto, escritor brasileiro. Representou o Brasil na II Conferência de Paz em Haia, por designação do Presidente Rodrigues Alves, em 1907. Suas teses vitoriosas lhe deram o cognome de “Águia de Haia” e a fama universal. Candidatou-se a presidência da República em oposição ao candidato militar Hermes da Fonseca, e derrotado nas urnas.

A obra literária de Rui eleva-se a trezentos volumes, e as mais conhecidas foram publicadas pela Imprensa Nacional, em razão do Decreto-Lei 3.668, de 30 de setembro de 1941, baixado pelo Presidente Getúlio Vargas.

Rui impugnou em dois artigos publicados na Imprensa a escolha de Clóvis Beviláqua para codificar o nosso Direito Civil, considerando-a de “um rasgo do coração e não da cabeça”, depois reconheceu a obra de Beviláqua.

O Prof. Carneiro Ribeiro fez uma revisão gramatical no Projeto do Código Civil antes de ser entregue ao Senado, onde chegou no dia 31 de março de 1902, e já a 3 de abril do mesmo ano, apresentava Rui seu Parecer que expressava meticuloso exame literário de todos os artigos e parágrafos.

Fato que causou estranheza aos juristas da época haver Rui se preocupado com a linguagem e somente depois da técnica legislativa foi-lhe objeto de maiores considerações. Sabia Rui que os aspectos técnicos iriam interessar a um limitado número de juristas, enquanto um parecer literário levantaria a opinião nacional, como realmente toda a Nação se interessou pela redação do Código Civil.

Em 25 de setembro de 1902, o Prof. Carneiro Ribeiro publicou as suas “Ligeiras Observações”, sobre a redação do Código Civil, particularmente às emendas do Senador ao Presidente da Comissão – Rui Barbosa.

Rui rebate as arguições do seu ex-Professor baiano – Carneiro Ribeiro, a “Réplica”, que o tornou conhecido também como gramático respeitado.

Em resposta, Carneiro Ribeiro publicou em 1905 a “Tréplica” – “solido monumento de profundo saber que muito honra o antagonista Rui”.

A Tenório de Albuquerque, grande gramático e escritor publicou de sua autoria o livro ”Contradições de Rui” e no prefácio informa que seu objetivo “tão só e só, quis provar que não há escritor infalível que, em matéria de linguagem, uns mais, outros menos, todos claudica cometem deslizes, enodam frases com solecismos, barbarismos, etc... “Nem Rui Barbosa, com ser Rui, o “Águia de Haia foi infalível”.

(1) “O ilustre Conselheiro possuíra inúmeras obras originais – inglesas e americanas dos “Pioneiros do Espiritualismo Moderno” – lidas, anotadas e marcadas a traço vermelho, por ele, as passagens interessantes do texto em cada volume.

O professor Ataliba Nogueira, na brilhante conferência intitulada “Ruy Barbosa em Campinas”, publicada no Jornal do Comércio, de 8 de novembro de 1949, extraímos o seguinte:

“Ainda na aprazível estância hidromineral, ocorreu fato curioso recordado pelos inimigos com acento de graça. Estava em voga àquele tempo, uma espécie de distração, à noite, de modo algum consoante com as leis religiosas, porém que as senhoras praticavam como se fosse inocente jogo de damas.

Consistia em colocar sobre uma mesinha de três pés um grande circulo de papelão, com as letras do alfabeto escritas, uma a uma, em recorte dentado. Lalá, Úrsula, Carlota, Baby, Rui Barbosa a filha do redator do “Jornal do Comércio”, do Rio, sentavam ao redor da mesa e colocavam as pontas dos dedos sobre um cálice que, por ação misteriosa – segundo diziam – parava ante esta ou aquela letra. Alguém aí anotando as letras num papel. Formavam-se, assim, palavras e frases, avidamente lidas pelos circunstantes.

Resta lembrar que tudo correspondia às perguntas formuladas por alguma das moças presentes, quase todas versando sobre qual delas se casaria primeiro, as iniciais do noivo, seus traços fisionômicos, se era louro ou moreno, solteiro ou viúvo, fazendeiro ou não. Em geral as respostas provocavam mais que risos, gargalhadas e comentários alegres.

Certa noite, porém Batista Pereira, que assistia à sessão, de pé, disse que o cálice estava denotando alguma inquietação, manifestando com isso ter que revelar algum segredo. Sentou-se à mesa e também colocou a ponta do dedo sobre o cálice de cristal, o qual de maneira rápida, começou a percorrer o alfabeto, com algo de nervosismo por parte das moças e senhoras que participavam da operação. Ao lado outra moça apontava letra por letra, dizendo nada entender, porém várias vezes o nome de Ruy, no apanhado gráfico.

O Conselheiro já havia recolhido muito cedo, feita a leitura dos jornais de São Paulo, que chegaram após o jantar.

Terminado o escrito, verificou-se que era uma mensagem em inglês, dirigida por algum “espírito” ao ilustre hóspede. Ficaram todos estarrecidos e, diante da indecisão geral, Batista Pereira opinou que deviam leva-la incontinente a Ruy.

Batem à porta, o Conselheiro de pijama recebe o papel e fica emocionado.

“É o estilo dele, o estilo perfeito. E o assunto; O mesmo que conversamos em nossa despedida em Haia. Mas, é possível .... trata-se de William Steed – explica Ruy – o meu amigo é grande jornalista inglês, cuja morte os periódicos noticiam hoje, no afundamento do navio “Titanic”. E ele acreditava nessas historias de espiritismos”.

((1) Extraído do livro – Os Simples e os Sábios – Pedro Granja)

O MENSAGEIRO

ÓRGÃO DO CENTRO ESPÍRITA OLHAR DE MARIA

ANO Iv – Nº 49 – novembro 1983

Pedro Prudêncio de Morais
Enviado por Pedro Prudêncio de Morais em 29/07/2011
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