Entrevistando Aquela Pessoa

- Qual a medida de tudo?

- A imaginação.

- Para compreender é preciso imaginar?

- A imaginação é um dos recursos que o ser humano tem para tentar entender ele próprio e o mundo que o cerca.

- Para entender Deus também?

- Deus é a imaginação da fé.

- Então Deus não existe?

- Se você crê no que imagina, então Ele existe sim.

- Por que você escreve?

- Porque, em alguns momentos, é com a palavra escrita que eu me traduzo. Mas acho que foi Michel Foucault que disse que deveríamos usar nossos corpos como elo para outros corpos à guisa de conhecimento. A Literatura não é tudo para mim. Na verdade não gostaria de escrever, para mim é algo inútil.

- A Literatura é inútil?

- Não me refiro à sua importância para a humanidade. Refiro-me ao fazer literário, ao que escrevo ou quero escrever. Se digo que um conto escrito me dá mais prazer que uma noite de amor, estaria mentindo.

- Interessante esta sua sempre alusão abstrato versus empírico...

- Sexo também é abstração, depende de como você o vê. E sente.

- E o sexo é inspiração para o que escreve?

- Se eu fosse citar Freud, diria que sexo está em tudo. Mas acredito – ou melhor, imagino – que existe algo além do físico. Folheie o Kamasutra: você vê apenas sexo ali?

- Quais são suas principais influências na Literatura?

- Autores?

- Sim.

- Não sei. Talvez a lista fosse longa. Eu tenho admirações que passam e outras que ficam. Não tenho disciplina para leituras e nem vaidade e conhecimento para ser intelectual. Abro-me ao mundo muitas vezes e esses tentáculos de sensibilidade podem alcançar desde um Machado de Assis a um livro de ficção científica.

- Abrir-se ao mundo? Como assim?

- Viver. Sentir.

- O contrário de morrer?

- Pode ser que morrer seja o despertar de um sonho... Como disse Luiz Buñuel: o real não existe.

Raimundo de Moraes
Enviado por Raimundo de Moraes em 07/07/2005
Reeditado em 07/09/2005
Código do texto: T31885
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