ALUNOS QUE COLAM

O velho ditado “quem não cola não sai da escola” parece ser levado muito a sério por uma parte dos alunos brasileiros. Em Goianésia não é diferente. Não há uma estatística precisa que possa ilustrar a afirmação, mas é fato que quase metade dos estudantes admitem terem colado ao menos uma vez durante a vida escolar ou acadêmica. As justificativas são as mais variadas e criativas. Uns dizem que não colam, apenas confirma as respostas. Outros garantem que dão uma olhadinha básica ou utilizam-se do artifício porque ficam nervosos na hora do exame e bate aquela amnésia. “A solução é recorrer a uma colinha básica”, entrega o estudante Fábio*, que faz o 9° ano no Colégio Jales Machado.

Válvula de escape dos alunos, a cola é desde sempre o grande terror dos professores. Mas cada um tem um jeito particular de lidar com a contravenção. Há os que fazem vista grossa, vêem mas fingem que não vêem. Há os que até tentam mas não conseguem ser mais espertos que os colões. E há, acredita-se maioria, os professores que não toleram a cola. Cada um tem um método de punição diferente: tomar a prova ao identificar a infração; dar zero na avaliação do aluno; chamar a atenção; tomar a cola; enfim, várias maneiras de coibir o ato.

Colar não é algo novo. Mas a tecnologia trouxe novos recursos para quem gosta de fazer uso de subterfúgios para se dar bem naquela prova difícil. Hoje é possível colar com a ajuda de celulares e outros apetrechos modernos e eletrônicos. Mesmo com tantos aparatos novos, os métodos tradicionais continuam sendo os preferidos dos estudantes. Escrever respostas em partes do corpo, olhar a prova do vizinho de carteira, esconder papéis na roupa ou até mímicas em códigos com algum colega são os meios mais comuns.

CtrlV + Ctrl C

Mas a cola não é algo restrito apenas ao tenso momento da avaliação. Os trabalhos escolares nunca mais foram os mesmos desde que se inventou a internet. A internet e suas possibilidades. O professor passa uma pesquisa para ser entregue na próxima semana. Ao invés de recorrer aos livros e formular suas respostas, gerando um aprendizado, os alunos se valem de ferramentas como sites da internet e copiam todo o conteúdo. Não são raros os casos de alunos que nem se dão ao luxo de ler o conteúdo sugado.

DESONESTIDADE

Educadores garantem que os alunos colam descaradamente e não vêem nisso um ato de desonestidade, é como se houvesse nesse item uma flexibilização moral. É comum estudantes escreverem redações ou discursarem combatendo com veemência a corrupção política e não vendo no ato de colar qualquer tipo de desonestidade ou desvio ético.

Tão grave quanto é o atraso intelectual que o aluno sofre. Onde há cola não há aprendizado. O hábito de colar interfere diretamente na cultura de estudar, pesquisar, buscar o saber.

** Matéria publicada na edição de agosto do jornal Folha do Estudante.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 10/09/2011
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