O TEMPO
 
           Passamos a maior parte dele nos preocupando, ou seja, se ocupando de coisas que nem aconteceram ainda. Quando não é isso estamos trabalhando para pagar contas e comprar coisas.
            Poucas vezes fazemos uma pausa para meditar sobre o tempo e o que estamos fazendo com ele. Nem nos damos conta que se perdemos algum dinheiro temos chance de recuperá-lo, se formos roubados podemos trabalhar e comprar de novo, se perdemos algo ou quebramos há possibilidade de recuperar.
O implacável tempo, esse quando passado não pode jamais ser recuperado. Se tomamos o tempo de alguém quando perdemos tempo ai o prejuízo é dobrado.  Portanto o maior bem que temos na vida é algo abstrato e impalpável, o TEMPO.
            Pra que serve uma mercedez ou um fusca, uma TV de 50” ou uma de tubo, com 14”?
O dinheiro no banco, os investimentos, os imóveis, tudo isso não compra nem atrasa o tempo. O tempo é inegociável.
            Só existe uma única forma de ganhar o tempo, de fazê-lo realmente se multiplicar, de torná-lo valioso de verdade e não perde-lo totalmente: É quando fazemos algo prazeroso e bom, que mereça ser recordado muitas vezes com muito prazer e alegria. Ai sim o tempo se multiplica.
            Ao usarmos o tempo dessa forma as recordações podem se repetir inúmeras vezes e aquele tempo que pode ser uma hora, um dia ou um mês é revertido em recordação.
            Ninguém para pra pensar sobre isso, mas ao recordar algo por 5 minutos estamos revivendo muito mais que apenas 5 minutos, pois nosso cérebro lê as lembranças muito rapidamente e as vemos mentalmente como se estivessem sendo descompactadas. Anos de vida podem ser recordados em minutos.
            Ao contrário do que diz a ciência e a própria realidade, que  em média podemos viver 80  ou 90 anos, quando aproveitamos o tempo fazendo muita coisa agradável e digna de ser recordada estamos poupando o tempo para depois gasta-lo em recordações. Se vivemos 90 anos, mas temos 50 anos de lembranças diluídos em 1 ano de recordações de nossas vidas, estaremos vivendo 149 anos.  Consumimos 90 anos do tempo +  50 de lembranças - 1 utilizado para recordar.
            Por essa razão ficamos muito irritados ao perder tempo em filas de espera, pois conscientemente e também inconscientemente, sabemos que estamos perdendo nosso maior tesouro.
            Temos que ficar atentos aos maiores inimigos da humanidade; os ladrões do tempo. Esses são piores que aquele que invade nossa casa e leva o carro ou a TV.  Os bancos vivem de nosso dinheiro, mas além disso nos tiram nosso bem mais precioso ao fazer-nos enfrentar filas, mesmo que seja por 15 minutos.  Os consultórios médicos são grandes ladrões de tempo, pois os médicos agendam um horário mas nos atendem meia hora, uma hora ou até mais tempo depois do horário marcado.
            O SUS além de não prestar uma assistência justa nos rouba muito tempo, muito mesmo, em exaustivas filas de espera.  São milhares de filas que furtam nosso bem valioso, nosso tesouro verdadeiro. Quando falamos em algum passa-tempo, é muito perigoso, pois pode ser na verdade um mata-tempo. 
            Então como podemos apreciar, saborear, degustar, gastar, viver o tempo de forma a minimizar sua perda ? É simples:  primeiramente é imprescindível que façamos o que mais gostamos e quando estivermos em situações, momentos ou lugares onde temos realmente que esperar, que apreciemos o maior número possível de imagens, que conversemos sobre coisas boas e alegres, mesmo que seja com pessoas estranhas, por exemplo com a  pessoa que está à sua frente na fila do famigerado banco. Se estiver doente, num leito, relembre coisas boas, converse com estranhos, mas sempre converse, ouça primeiro e fale depois, pois recordamos melhor o que ouvimos.  A cada palavra que ouvir trate imediatamente de associar uma imagem a ela, pois tudo poderá ser recordado em uma fração de segundos do relógio, mas em horas do tempo cerebral.
            Experimente ficar em algum lugar isolado, em silencio, olhe para o relógio, tente ficar 5 minutos olhando para ele, parecerá uma eternidade, isso se realmente conseguir faze-lo.  Isso nos mostra que o tempo é lento e demora à passar, mas nos enganamos com perda de tempo dos mais diversos tipos, além de tirar o tempo alheio.
            A tecnologia que deveria nos fazer ganhar tempo está se mostrando uma vilã, pois nos furta descaradamente o tempo: Chats, MSN, Orkut, Facebook, e tanto outros vilões, assim como os sistemas operacionais como Windows, onde muitos ficam mudando detalhes que não levam a nada.  Os celulares; quanta gente fica horas olhando para eles, mexendo e remexendo, jogando mais por vício que por prazer.
            Chega a ser um suicídio isso que fazemos com nosso tesouro, o tempo. 
            Uma hora assistindo TV vale muito menos que  5 minutos de uma conversa gostosa com alguém que tenhamos afinidade. 
            É imperativo que tenhamos cuidado com nosso tesouro. O relógio é nosso melhor amigo, ele nos informa quanto estamos perdendo de nosso tesouro valioso. 
            Vamos fazer uma experiência; transformar nossa expectativa de vida em horas e depois vamos atribuir-lhe uma unidade monetária, por exemplo o “tempo-vida”.  No lugar de reais vamos administrar nossa fortuna, os “tempos-vida”.
            Se hoje tenho 52 anos e creio viver até os 92, me restam  40anos x 365dias x 24horas = 350.400 tempos-vida + 240hs dos anos bissextos. Tenho hoje 350.640 “tempos-vida” para gastar. Posso investir em ações que geram lembranças ou torrá-lo em passa-tempos.
            Não há como evitar de gastar, mas há como aplicar bem, assim como um investimento.  Podemos nos especializar em melhor aplicar nosso querido “tempo-vida” assim como grandes economistas estudam para fazer as melhores aplicações de nossos reais.
            O banco onde aplicamos nosso tempo-vida  é o Banco Existência. Nele podemos comprar outros papéis de valor, por exemplo investir 24 tempos-vida em contemplar a natureza e prestar atenção em cada detalhe ou conversar alegremente sobre coisas boas com alguém, fazendo com que esse investimento se multiplique, ou assistir vários programas de TV, os quais poucas ou raras vezes nos trazem boas recordações.
            Podemos definir alguns bons investimentos para nossos tempos-vida e alguns maus investimentos:
             Assistir um filme, uma novela, uma reportagem.
             Fazer palavras cruzadas, ler uma revista.
            Brincar com um cão, brincar com o filho ou o neto, ou mesmo o nenê do vizinh  o.
            Ficar batendo papo num chat.
          Ficar editando e arrumando fotos e arquivos no computador.
            Conversar descontraidamente com alguém pessoalmente.
            Ir ao banco num horário de pico. 
            Ir ao supermercado no dia do pagamento.
            Fazer jogo da mega sena no ultima dia de apostas.
            Namorar, beijar, amar (sexo).
 
            Cada um deve definir para si o que considera um bom investimento para seu “tempo-vida”, assim como no mercado financeiro, onde há variação de investimentos e opiniões. Uns acertam e ganham e outros erram e perdem.
 
            E VOCÊ, ANDA FAZENDO BONS INVESTIMENTOS COM SEU TEMPO-VIDA?
 
 

 
Claudio Cortez Francisco
   

 
Claudio Cortez Francisco
Enviado por Claudio Cortez Francisco em 10/09/2011
Reeditado em 05/10/2011
Código do texto: T3212329
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