Cultura no ensino de língua inglesa- Identidade e globalização

RESUMO

O aprendizado de uma língua não deve estar descontextualizado de sua cultura. Mas até que ponto essa cultura não interfere na identidade do aprendiz? Observar a importância do elemento cultural no aprendizado de uma língua e tentar desvendar a questão da identidade do individuo no meio das informações culturais da língua alvo e sua própria língua, atentando para o papel do professor nesse caminho. Dentro do contexto de ensino de língua inglesa, esse artigo trata da importância da cultura para esse aprendizado, em relação ao rumo cultural que deve ser tomado. Estabelecendo uma proximidade com a realidade do aluno atual de L2, envolto as mudanças e exigências da globalização onde a comunicação é a ferramenta Para a ascensão social.

Palavras chaves: identidade cultural. ensino de língua inglesa. globalização. ensino e aprendizagem. comunicação

ABSTRACT

The learning of a language mustn’t be descontextualized of its culture. But where this culture doesn’t intervene with the identity of the pupil? To observe the value of the cultural element in the learning of a language and to try to unmask the question of the individual‘s identity among cultural information of the target language and its own language, pointing to teacher’s job in this way. I In this context t of English language’s education, this article deals the needs of the culture for this learning, in relation to the cultural route that must be taken. Establishing a proximity with the reality of the current pupil of L2, around for the changes and requirements of the globalization where the communication is the tool For the social ascension.

Words keys: cultural identity. globalization .teaching and learning of english language. Communication

Cultura no ensino de língua inglesa- Identidade e globalização

Découvrir lês autres, c’est s’ouvrir à une relation et non se heurter à une barrière.

Claude Levi Strauss

O papel da cultura na sala de língua inglesa gera muita controvérsia, esse artigo tem por objetivo observar a importância do elemento cultural no aprendizado de uma língua e tentar desvendar a questão da identidade do individuo no meio das informações culturais da língua alvo e sua própria língua, atentando para o papel do professor nesse caminho. Como a identidade do aluno é tratada nas aulas em que é abordada a cultura da língua inglesa?Já que nas aulas de língua inglesa a cultura é deixada de lado e é baseada nos aspectos lingüísticos sem que atenção seja dada aos preceitos sócio lingüístico e cultural, (LIMA2009) se foca as regras gramaticais sem contextualização e preparação para a compreensão do aluno.

Ao prepararmos uma aula não nos damos conta do quanto nossas escolhas didáticas possam de alguma forma influenciar nossos alunos em seu mundo particularmente apto a receber informações oriundas de tantos canais de transmissão. O aprendizado de uma língua é o percurso de alguns desses canais já que nela assimilamos tantas informações, símbolos, códigos e principalmente cultura.

Muito se tem discutido a respeito do papel cultural no ensino de língua, mas torna-se difícil discernir, dentro do contexto de ensino de língua inglesa a importância da cultura para esse aprendizado, em relação ao rumo cultural que deve ser tomado, para estabelecer uma proximidade com a realidade do aluno de L2. As quatro habilidades são importantes, mas dependem de uma ‘quinta habilidade’ , a cultura ou habilidade de adaptação a diversidade dos signos estrangeiros , pois apesar de termos necessidades fisiológicas idênticas, as maneiras de resolvê-las são diferentes, de acordo com a organização sócio–cultural de cada grupo de indivíduos.

Num mundo onde a globalização tomou largas proporções a comunicação se tornou uma ferramenta para a sobrevivência dentro do caos de informações, mudanças, especulações, procura, ofertas, etc., características de um mundo capitalista, em que todos devem conhecer o outro, saber onde e como agir diante das diferenças políticas, sociais e culturais em constante mudança. O que retira o ensino de língua estrangeira, principalmente o inglês tido como a nova língua franca mundial, de um papel secundário na educação.

Há uma necessidade do aprendizado de uma língua estrangeira como algo além do que simples acúmulo de regras gramaticais. Dentro da historia do ensino de línguas estrangeiras os diversos métodos e abordagens desenvolvidas para o ensino e aprendizagem de línguas no Brasil começam a tomar um caminho diferente onde a interação se torna o foco no aprendizado.

Hoje o comum das relações comunicativas é o fenômeno chamado “world English”, termo criado por Rajagopalan (2004-2009, p.41) que caracteriza a língua inglesa internacional e que não possui “falantes nativos”. O que enfatiza largamente a necessidade de conhecer o outro. O autor (2009, p 43) corrobora com Blommaert, Collins e Slembrouck (2005) com o sistema de “multicentridade do inglês”, em virtude de que essa língua não está fechada a fronteiras definidas, mas com “múltiplos centros e múltiplas normas” que conseqüentemente modificam a necessidade educacional de língua inglesa. Em suas palavras sugere o aprendizado da língua inglesa como um todo, não somente a cultura americana ou a inglesa, mas levando em consideração também o mundo globalizado e sua diversidade cultural.

Teles legitima que

Os PCN contempla a necessidade de superação do isolamento das áreas, pois se objetiva que a produção de conhecimento na escola contemple a multiplicidade, onde se considera a diversidade cultural presente no espaço escolar”. (Teles apud MEC,1998)

Representando que no ensino de uma língua o espaço cultural do aluno também deve ser observado e trabalhado de maneira a incentivar seu aprendizado partindo do que é conhecido em comparação ao desconhecido, aproximando as diversidades, ajudando a situar sua própria posição como individuo. Assim descrever o aprendiz de L2 descontextualizado dos aspectos culturais como um fluent fool possui muito sentido porque além de “instrumento de comunicação a língua é a representação de nosso pensamento e da nossa maneira de ver o mundo” (LIMA, 2009. p.184). Partindo desse pressuposto levanta-se a questão da identidade, já que diante de tantas representações culturais os alunos tendem a recair e assimilarem a cultura estrangeira como sua, embasados pelo continuo estímulo nas aulas de língua inglesa sobre a “soberania” da cultura americana ou inglesa sob a sua própria.

Lameiras diz que

Relacionar cultura e ensino de línguas é reconhecer a importância que essa fusão exerce diante de uma “política de ensino línguas” voltadas para diferentes culturas, suscitando no aprendiz uma abertura para o mundo do outro, ao mesmo tempo em que visa à afirmação de sua própria identidade cultural. (LAMEIRAS, 2006. P.29)

Os modelos utilizados para o ensino de línguas deveriam mostrar a cultura de forma que os alunos pudessem descobrir mundos diferentes, mas sem precisar desvincular seu próprio mundo daquilo que está aprendendo, ao contrário acrescentaria conhecimento porque “por meio dos estudos culturais de determinada língua os estudantes podem descobrir diversas maneiras de ver o mundo. Assim podem desenvolver competências interculturais fundamentais que o ajudem a participar da comunidade global.” (LIMA, 2009, p.185)

Para Young (1972) citado por Lima (2009) o professor deve ser um interprete intercultural, e é dever do professor a discutir sobre os diferentes conceitos de cultura, as diferenças das experiências e hábitos culturais. Há de se ter o cuidado com as abordagens em sala de aula para que não recaiam sobre a “abordagem assimilacionista” (MOTA, 2004, 39).

Considerações Finais

Fica clara a importância dos estudos culturais no ensino de língua inglesa por se tratar hoje da língua global, usada para a comunicação em tantos países, sem se deter aos países hegemônicos, mas englobando as diferenças. Para Martinez “uma comunicação no campo didático é (...) um sistema de sistemas de interação entre pessoas, conteúdos, um contexto social, etc.” (MARTINEZ, 2009,16). A palavra é interação – trabalhando a cultura para promover isso de forma abrangente, o aluno conhecerá o pensamento do outro e será capaz de interpretá-lo,comunicar-se ,comparando seu mundo mas preservando sua identidade; não é o ensino de uma cultura alvo mas uma sensibilização a culturas outras em geral(...) numa representação do estrangeiro, fundada no que a cultura estrangeira tem em comum ou em contraste com a própria cultura do aprendiz (SCHMALTZ, 2006, 44).

Ensinar uma língua não se limita ao ensino de meras regras gramaticais, aprender requer interpretação de significados submersos nos diversos mundos individuais é uma questão sensorial, é ter percepção daquilo que realmente possui sentido, é o real, o palpável. Para um aluno de língua inglesa ter contato com um mundo distinto do seu parece agressivo diante do que acredita. É preciso uma preparação, uma contextualização a partir do que se conhece para que possam entender os outros.

Referências

LAMEIRAS, Maria Stela T. Barros. Ensino de língua x Cultura: em busca de um aprendiz artesão, autônomo e cidadão. In: TAVARES, Roseane Rocha. (org.) Língua cultura e Ensino. Maceió, EDUFAL, 2006.

MARTINEZ, Pierre. Didática de Línguas Estrangeiras. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. pp. 15-43.

____________O ensino de língua Inglesa e a Questão cultural. LIMA, Diógenes Candido de (org.). Ensino e aprendizagem de língua inglesa. Conversas com especialistas. São Paulo: parábola editorial, 2009. pgs 179-189.

MOTA, K. Incluindo as diferenças, resgatando o coletivo – Novas perspectivas multiculturais no ensino de línguas estrangeiras, in__; SCHERYERL, D. Recortes interculturais na sala de aula de línguas estrangeiras. Salvador: Edufba, 2004a, p.37-60.

RAJAGOPALAM, Kanavillil. Inglês como Língua internacional na prática docente. LIMA, Diógenes Candido de (org). Ensino e aprendizagem de língua inglesa. Conversas com especialistas. São Paulo: parábola editorial, 2009. Pgs 39-46.

TELES, Tércia Ataíde França. Linguagem e identidade social – uma abordagem sociolingüística. Secretaria do Estado de Educação do distrito federal, www.redebrasileiradetransdisciplinaridade.net/.../Artigo_Tercia_Ataide_Franca_Teles.doc.

Carine M N silva
Enviado por Carine M N silva em 15/09/2011
Código do texto: T3220567
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