Natal (1) - O nascimento e a criação

Todos os anos chegamos a dizer “em todos os anos comemoramos...” e mais alguma coisa. Todos os anos nos preparamos para o dia mais precioso de todo o universo; e todos os anos este dia acontece. Todos os anos, a cada ano, todos os dias, a cada dia, também na celebração eucarística, em um nascimento de mais uma nova vida... A todo momento passamos a viver o mistério que diante de um único dia, poucos minutos apenas, a vida adquiriu um valor supremo, uma realidade mais que humana, um sentido superior ao que tinha até então.

“O Verbo se fez carne”! Conhecemos essa história milenar. Mas Ele não se fez carne no dia em que se reúnem milhares de famílias cristãs. O Verbo se fez carne nove meses atrás, dentro do útero de uma linda mulher. Não sei se a obra mais fantástica, mais maravilhosa, bela, esplendorosa, “magnificativamente” emocionante de Deus fôra a fecundação do óvulo de uma mulher extremamente especial. Será que Deus pensou que apenas uma única mulher poderia dar conta de carregar seu Filho, sendo como Ele mesmo, no ventre dela? Será que Deus não refletiu que seria demais para uma única e pequena jovem mulher?!

Na verdadeira beleza da vida que canta e encanta o nosso ser desejoso por Deus, o Criador veio ao mundo para manifestar-se aos seus diante de uma pobre condição humana. Não foi grande coisa a sua aparição inicial: a pobreza era evidente, mas como ser diferente diante de sua poderosíssima missão? Para abalar o mundo, se fazia necessária destruir os conceitos e pré-conceitos desse mesmo mundo. Para perturbar a “ordem” social de uma época e tempos posteriores, se tornara imprescindível uma nova estrutura da humanidade, e para isso, sonhos até então não colocados em prática deveriam vir à tona. Imprescindível sim, promover algo diferente, algo sem precedentes em todo o tempo já passado desde o primeiro sopro divino do qual todas as coisas foram criadas.

Podemos comparar a concepção de Deus ao surgimento da criação? Nossa imaginação consegue se aproximar de uma imagem representativa da criação do universo: cores, luzes, explosões, milhares de massa estelar constituindo planetas, satélites, sois, galáxias, universos inteiros sendo construídos do nada, apenas pela vontade de Deus. Após a divisão dos cromossomos, observa-se o nascimento da vida propriamente dita, em seguida, floresce o milagre da razão, faculdade antes apenas de Deus, sendo pela primeira vez utilizada por outra criatura fora d’Ele; um exterior que está dentro, haja vista nenhuma criatura poderia sobreviver se não estivesse em Deus. Ele é o útero de todas as coisas que jamais sofreram pelo desligamento natural como acontece quando o feto adquire maturidade para sair do ventre materno. Sempre haverá o ventre de Deus e sempre estaremos nele inseridos.

No nascimento do Cristo que nos une ao Pai, sejamos felizes e repletos do amor que liga toda a humanidade a Deus.

Padre Hugo Galvão
Enviado por Padre Hugo Galvão em 23/12/2006
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