A DEVOÇÃO A ELIS REGINA.

Uma amiga me disse que Elis não tem fãs, tem devotos. Concordo, afinal para grande maioria de seus fãs, Elis é uma mistura de Cícero Romão Baptista com o super-homem de Nietzsche : está muito além do bem e do mal.

Como fã, digo devoto de Elis, tenho certos hábitos que para muitos podem soar como manifestações de uma esquizofrenia latente ou quem sabe um transtorno obsessivo-compulsivo discreto. Afinal a normalidade não passa de um conceito sócio-cultural, não é verdade?

Para ser sincero meus hábitos relacionados à Elis são gestos simples. Assim como os católicos se benzem ao passarem por uma igreja ou fazem genuflexão ao se depararem com o santíssimo, eu fecho os olhos quando ouço sua voz. É imediato. Um gesto automático. Já tentei me policiar, mas está tão enraizado em mim quanto a cor de meus olhos.

A mania de escarafunchar meus pensamentos me fez entender que na verdade busco visualizar Elis cantando, ainda que isto não aconteça todas as vezes.

Outra mania que me faz devoto de Elis é perceber que todas as vezes que algo muito legal vai acontecer, ouço uma de suas músicas. Pode ser no carro, na rua, numa lanchonete. É batata. Estou indo resolver algo importante. Se a Elis está cantando, tudo conspira ao meu favor ou quando estou feliz com o resultado de alguma coisa, lá está a voz de Elis cantando pra mim.

Sei que isto não passa de uma seleção feita por meu cérebro que se programou para provocar estas sensações. Por mais que eu me esforce pela racionalidade, o eu holístico colore minha alma de sinais sobrenaturais, de evidencias mágicas, tudo porque, como humano, preciso que a insanidade as vezes assuma o controle da razão para que eu não enlouqueça definitivamente.

Minha loucura se manifesta através da voz de Elis...

E a tua? Quem te dá a suave sensação ver o invisível e sentir o que a razão apenas vê, mas não compreende?