Regiões Inferiores - HADÊS-2

PALAVRAS DE VIDA

Pr. Serafim Isidoro.

REGIÕES INFERIORES (Texto II)

H A D Ê S - A Sub-região dos Mortos

Hadês, palavra grego-koinê, era reconhecida na Velha Aliança como sendo a tradução do vocábulo hebraico SHEOL, uma região para onde iam tanto os justos quanto os injustos que morriam. É encontrada doze vezes na Nova Aliança - N. T. - sendo citada: quatro vezes por Jesus; duas vezes em Atos, por Lucas; e quatro vezes no Apocalípse, por João. Não é mencionada nos escritos de Paulo, nem por nenhum dos demais escritores canônicos da Igreja do primeiro século dC.

O emprego do termo HADÊS antecede os dias em que Jesus aqui viveu, descendo à época dos filósofos gregos, antecedendo-os até a Mitologia, onde Hadês era o nome do deus do sub-mundo que, conforme os gregos, ficava no seio da terra. Hadês era o filho de Kronos (tempo) o deus mais alto. Zeus, outro filho de Kronos submeteu Hadês que continuava reinando no sub-mundo, compartilhando o seu poder com sua esposa Persefone. Com o desenvolvimento da Mitologia, o termo Hadês passou a ser usado para significar o próprio submundo, habitação de fantasmas dos homens desencarnados. (Citações da "Enc. Bíbl. Teol. e Filos" - II.9 - Edit. Candeias).

Para os judeus, Hadês é a palavra que traduzida pela Septuaginta - versão bíblica do Hebraico para o Grego - é SHEOL, lugar para onde iam as almas dos mortos, sem distinção de bons ou maus. Flávio Josefo, historiador judeu que viveu nos dias de Jesus, no seu livro "Discurso aos Gregos Acerca do Hadês", escreveu interpretando o pensamento do seu povo: "É um lugar, não especificamente definido, uma região subterrânea, onde não brilha a luz deste mundo".

Hadês é a sub-divisão da KATÔTERA, a grande região que o comporta (leia o nosso artigo do mesmo título) - sendo dividido em: a) "Seio de Abraão" - que depois foi removido por Jesus - Ef. 4.8; b) "Abismo", prisão de demônios; c) "Geenna", que é o inferno; d) "Tartaro", prisão de anjos que deixaram o seu domicílio, a sua habitação. O "Lago de Fogo" - pyr tô ainiôn - por sua vez, está fora deste esquema, um lugar no qual o Hadês, a Morte - Tanatos - e o Inferno - Geenna - serão lançados após o fim dos tempos.

Diz o "Dicionário Bíblico", de John L. Makenzie - Edições Paulinas 1984 - página 972: "Xeol, etimologia incerta; representada no grego por Hades, o nome do mundo inferior da mitologia grega. É a morada dos mortos. O pensamento do antigo Oriente Médio concebia o mundo subterrâneo abaixo do qual está o Xeol, habitação dos mortos..."

A citação, na Nova Aliança, de palavras gregas não canônicas, nos revela o quanto os judeus estavam atrelados ao helenismo, nem sempre inspirado mas, às vezes, calcado na filosofia e na mitologia que, afinal, eram especulações do ser humano à busca de um deus. Quando o Senhor Jesus veio, o povo andava em trevas e na região da sombra da morte espiritual. Então a Luz raiou. Mas os escritores neo-testamentários são influenciados no uso de tais termos, o que nos leva a uma busca mais profunda do motivo de tais usos.

Só Jesus.

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O Pr., Th. D. Honoris Teologia, D.D., Serafim Isidoro, oferece seus livros, apostilas e aulas do grego koinê: serafimprdr@ig.com.br

Entendemos que o fato do apóstolo Paulo, detentor de treze cartas da Nova aliança, esquivar-se em mencionar ou ensinar acerca dos termos Geenna, Hadês, Tartaros, ou Pyr to Aionion e Lymne tou pyros, deixando de mencioná-los em seus escritos, nos leva a considerar que compreender tais assuntos não seja tão necessário ao cristianismo. Em termos acadêmicos, em seminários e institutos bíblicos fazem-se necessários tais estudos, não sendo entretanto práticos para os púlpitos evangelísticos. Assim como a escatologia apocalíptica, o assunto das regiões espirituais não é matéria prática, senão especulativa.

Entretanto este apóstolo menciona: Archês=principado - Ecsousias= autoridade - Dynamis = poder – Kyriotetes = senhorio – Ef. 1.21

Kosmokratôras tou skotous touto = forças governadoras do mundo de trevas. – pneumatika tês ponerias en tois epouraniois = espirituais da imundice nos (lugares) celestiais. – Ef. 6.12.