MORTE LENTA, GRADUAL E 'QUASE' IRREVERSÍVEL

Fim de ano não é época para estas coisas de falar em Bancos, política, sacanagens oficiais, estas coisas que só nos deixam revoltados. Mas, mesmo com o borbulhar do champanhe e as promessas de feliz ano novo, não resisti. E, não resistindo, tenho que dar minha opinião sobre mais esta estocada de morte que o BESC levou há alguns dias.

Estando o Governo do Estado sem caixa, sem dinheiro para fechar o ano, resolveu o Senhor Governador em exercício, juntamente com o que era, é, e vai ser de novo, vender as contas de 125.000 servidores públicos estaduais que recebem pelo Banco. Mas onde estão aquelas maravilhas decantadas em discursos de campanha, que enalteciam “a descentralização do poder” – Santa Catarina é o 5o Estado da União em arrecadação, em desenvolvimento industrial, um dos maiores exportadores disso e daquilo, e, no entanto estão duros. Pelados. Tentando vender por “trinta dinheiros” 125.000 (CENTO E VINTE E CINCO MIL) contas, nas quais pingam religiosamente dinheiros todos os dias 30.

Claro, o Bancão já se adiantou e botou 210 milhões na parada. Mixaria, se levarmos em conta que ele faturou 4 BILHÕES no primeiro semestre de 2006. Mas, parece que o STF melou o esquema e a coisa ficou “como dantes no quartel de Abrantes”.

Mas, retroagindo um pouco, coisa de 30 anos passados, nos lembramos do BESC como um Banco que estava sempre presente nas nossas peripécias financeiras. Lá estavam gerentes como o Isidoro Savi Filho, o Laire Branco, o Vitorino... Esta era a velha agência de Baln. Camboriú, que, aliás, não nos fazia favor algum: fazíamos o “papagaio”, pagávamos os juros, adquiríamos algumas ações que gentilmente nos vendiam “meio goela abaixo” e as coisas seguiam seu curso. Isso, sem falar no “saldo médio” algum seguro de carro, e coisa e tal.Mas isso é passado saudoso e romântico.

Dali para frente, o Besc sofreu terremotos, vendavais e “tsunamis” de todas as espécies. Chegou, numa certa feita, a adquirir 32 milhões de letras frias do Estado de Alagoas. Claro, que anos depois os envolvidos foram absolvidos nos tribunais. Mas eram tribunais jurídicos, não morais.

Mais adiante começaram o PDI que é o Plano de Demissão Incentivada. Grande negócio. Fazem sair um funcionário experiente, mas que ganha mil, e botam no lugar dele um que ganha a metade. Sem falar na mão de obra escrava chamada “estagiários”. Se não fosse a “onda petista” que varreu o país em 2002, o Besc já era. Agüentaram 4 anos. De repente, o Banco leva duas estocadas. Em Blumenau, o Senhor Prefeito João Paulo vendeu para o HSBC as contas de 7 mil funcionários municipais. A finalidade dos 8 milhões e meio que arrecadaram era nobre: terminar as obras do Hospital Santo Antonio. Sim, o hospital já está quase pronto. Assim que nos dias de hoje, quando usamos um talão de cheques do Besc, onde está escrito “cliente desde 1981” – temos a sensação, falsa na verdade, de que estamos emitindo, além de um simples cheque, um atestado histórico de 1/4 de século de desenvolvimento e progresso deste ente financeiro, agora moribundo. Ledo engano.

Lembrei-me de Bretch, o filósofo alemão que disse: “NÃO SEI O QUE É MAIS GRAVE, SE É O FATO DE ASSALTAR UM BANCO, OU FUNDAR UM.”

Dezembro de 2006. Onde andará o “saldo médio”? Por onde andarão as ações Preferências que compramos, e que nunca nos renderam um centavo? Aqueles gerentes, dos quais eu falei, SEM A DEVIDA VENIA deles, por onde andarão? Não sei. O que sei, ou penso que sei, é que há algo de podre no reino da Dinamarca...

Matogrosso
Enviado por Matogrosso em 31/12/2006
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