CRÔNICA AO SENTIMENTO DE DOR

CRÔNICA AO SENTIMENTO DE DOR

Força abrasadora que faz o coração bater e inflamar a alma em suplica por resposta a dor da promulgação de uma lei que impõe a impossibilidade de um querer sem fim, de um desejo eterno... Que dor! Dor que faz da paixão um inconcebível pendente do tal querer, atado a certeza de que algo maior impede o desejo com inibição ao poder fazer. Em tamanho conflito surge a indagação: A que ponto somos reféns de uma ânsia que não se vence por proibição, mas indica os caracteres do sujeito dominado em seu tormento, acuado em seus sentimentos, tais, que se faz necessário escondê-los a vista de todos com objetivo a ser evitado seu julgamento ao pensamento dos que fazem réus a todos que fogem a normalidade imposta por suas leis? Outras indagações surgem ao coração ferido por uma seta que mata por contaminação da paixão: Como resistir ao olhar tristonho de força violenta e impulsiva, de atração ao bem querer? Como fugir do sorriso de lábios atirados de doce gosto e aroma, desejável ao beijo de paixão, inflamado, esbraseado? Como resistir ao teu aroma, estonteante, que misturado a tua pele suave, molhada pelo leve suor ao corpo aquecido, faz-me cambalear por pernas tremulas e corpo estremecido pelo sentimento profundo, inconcebível de poder cumprir o desejo de atá-lo ao meu, não soltá-lo, mas por infinitamente amá-lo? Como esquecer no amanhã, o teu abraço de força carente, aconchego de solidão no vazio, pedinte de amor sempre teu, suplicante a uma eterna caminhada adornada por carinho atrelados ao compromisso de dizer não a separação? Como esquecer a tua voz que me pede com um suspiro de incertezas e me recusa com um suspiro de duvidas, provocando um silencio de amargo insuportável, que a mente, objeto de busca ao querer saber razões plausíveis a existência de tamanho sentimento indomável, repousa no espaço da ignorância? Como olhar para o teu corpo e não desejá-lo em suas curvas de forma bela, ainda que por ardil atitude, de longe te observe, mas não lhe tenha por objeto, apenas por alvo do sentimento tão impropério, preocupante? Existem verdades! Uma, de certo, não tardará que encontrarás um que te faça um bem que não posso fazer; um que te ame livremente independente do que sinto na minha impossibilidade; um que desfrute do teu amor em seu vigor por certezas de um espaço conquistado; um que construa tua história por um mar de felicidade que nunca poderei te completar; e um que viva ao teu lado o para sempre, como nunca vivi por um instante. Não percebi... Descobri! Estou sozinho, sinto um imenso vazio, então, decidi: Sairei rumo à vida em suas descobertas de tantas experiências ainda encobertas. Eis minha decisão! Compreendi que na insegurança de uma tomada de atitude, o melhor é descobrir o obvio, que a decisão dará por certo, como caminho a ser seguido na identificação do melhor ao proveito próprio. Devemos procurar esse caminho! O dever de se obter um sentimento belo que não paire a ação impugnativa a sua continuidade, faz da vida um jardim florido em ar de primavera. Que a vida dos contrários em sua impossibilidade de existir lado a lado, seja recompensada pelo belo do tal jardim, sendo a primavera um momento eterno de alimento a paz em seu consolo, a justiça em seu contorno e a liberdade em sua facilitação.